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A JAULA DE POUND
(PATRAKAS)

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“Os Cantos” de Ezra Pound, publicados pela Assírio & Alvim é considerado o poema épico mais importante do século XX. Uma das pedras de toque da poesia moderna, que se publica pela primeira vez na íntegra em Portugal. “Nenhum homem vivo pode escrever como ele e pergunto-me quantos escritores terão metade do seu talento” escrevía T.S.Elliot referindo-se a Ezra Pound. Provavelmente, Pound foi quem mais fez pela literatura anglo-saxónica, no presente século. Não só pelas suas obras mestras, como os célebres “Cantos” - Prémio Bollingen de Poesia 1948 -, mas também por tirar do anonimato e apoiar valores como William B.Yeats, R.Tagore ,Robert Frost, Wyndham Lewis, James Joyce, Eliot, etc. Apesar de tudo isto, as suas ideias malditas valeram-lhe treze anos de maus tratos e de internamento num manicómio nos EUA. Talvez a sua única culpa tenha sido a que expressou nas palavras: “Simplesmente, quero uma nova civilização”. Quando os talibãs chegaram à base americana de Guantanamo, a imprensa e a televisão divulgaram imagens do campo de concentração. Ao invés de serem colocados nas tradicionais celas, os prisioneiros foram confinados em celas de 1,80 x 2,40 metros, onde o tecto de zinco é ligado ao piso de cimento por uma tela de aço. O “hóspede” fica exposto às intempéries e ao desconforto causado pelas fortes lâmpadas halogéneas que brilham durante toda noite. Este tipo de cárcere é utilizado há muitos anos pelo exército norte-americano. Ao terminar a II Guerra Mundial, estas celas eram comuns no “Centro de Treino Disciplinar”, situado na cidade de Pisa. Um dos seus prisioneiros foi Ezra Pound, poeta, escritor, ensaísta, músico, amigo de James Joyce, T. S. Elliot, William Yeats e Ernest Hemingway. Durante um mês esteve “enjaulado” sob vigilância permanente. Foi o início de um período de reclusão que iria durar 13 anos. Segundo Peter Ackroid, um de seus biógrafos, Pound foi o responsável pelo modernismo nas letras, assim como Picasso foi para a pintura e Stravinski para a música. Ezra Pound nasceu em Hailey no estado de Idaho a 30 de Outubro de 1885. Após concluir os estudos na Universidade da Pensilvânia, em Filadélfia, leccionou por um curto período no Wabash College em Indiana. Por volta de 1905 começou a idealizar a estrutura dos “Cantos”, ciclo de poemas com mais de cinco mil versos que se viriam a transformar na sua obra maior. O crítico Eugenio Montale considera “Os Cantos” como o mais vasto poema dantesco-joyciano que a nossa época conheceu. Convencido que a poesia era a maior razão de ser na sua vida, Pound abandonou o meio universitário e viajou para a Europa em 1908. Em 1920, ele e a sua esposa Dorothy foram viver para Paris, época em que conviveram com Cocteau, Hemingway e Stravinski. Foi nesse período que o escritor resolveu aventurar-se no mundo da música. A sua primeira composição para violino foi apresentada ao público em Dezembro de 1923, num concerto realizado no Salão do Conservatório de Música. No início da década de 30, novos volumes dos “Cantos” já tinham sido lançados e um novo Ezra Pound começava a entrar em cena. O escritor que nunca havia abraçado uma ideologia política, descobriu Mussolini e aderiu ao fascismo de corpo e alma. Em paralelo a sua obra poética, começou a escrever uma série de artigos, onde textos raivosos eram dirigidos aos banqueiros de Wall Street, ao presidente dos Estados Unidos, ministros ingleses, editores de livros, jornais e revistas, professores universitários e escritores. A exemplo de Richard Wagner, Pound entrou num processo de paranóia devido a problemas financeiros e começou a descarregar sua ira contra os judeus. Durante a segunda guerra ele apresentava um programa semanal na rádio governamental de Roma. Além das acusações ao presidente Franklin Roosevelt e ao sistema económico norte americano, a sua aversão anti-semita passou a roçar os limites da insanidade. Estas actividades fizeram com que o escritor fosse levado para a prisão de Pisa no dia 24 de Maio de 1945. Depois de passar 30 dias na “jaula”, Pound perdeu a memória. Foi transferido para o hospital da prisão onde após uma pequena melhoria concentrou todas as suas energias na criação dos 10 “Cantos Pisanos”. Meses mais tarde foi transferido para os Estados Unidos, onde seria julgado por alta traição. Submetido a uma junta de psiquiatras o escritor foi considerado insano, escapando do julgamento e da pena capital. Isso não o livrou de ser internado no pavilhão para dementes criminosos do Hospital St. Elizabeth em Washington. Ezra Pound só foi libertado a 18 de Abril de 1958 quando o seu processo foi arquivado. No final do mesmo ano retornou à Europa, indo morar com a sua filha Maria, nos Alpes Italianos. Em 1965 ele e Olga Rudge participaram do Festival de Spoleto, oportunidade em que a ópera “Le Testament” foi encenada em sua homenagem. Ezra Pound morreu em Veneza no dia 1 de Novembro de 1972. Em seu último Canto (CXX), deixou as seguintes palavras: “Tentei escrever o PARAÍSO / Não se mova / Deixe falar o vento / Esse é o paraíso./ Deixe os Deuses perdoarem / O que eu fiz / Deixe aqueles que eu amo tentarem perdoar / O que eu fiz.” Destaque: “Um poeta deste século que afirme não ter sido influenciado por Ezra Pound, merece mais a nossa piedade do que a nossa reprovação” - Ernest Hemingway.



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