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O Poder do Meme Meme
(Susan Blackmore; Richard Dawkins)

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Com a conclusão do projeto Genoma, entramos na era dos genes. Procura-se explicação para todos os comportamentos humanos através da avaliação da adaptação biológica. Entretanto, alguns desses comportamentos intrínsecos à nossa espécie não podem ser bem explicados pela ação dos genes, como a Sociobiologia procura fazer. A questão prioritária gira em torno do cérebro humano.
Os seres humanos deram um grande salto, em relação aos outros espécimes, para o desenvolvimento cerebral e da autonomia dos organismos, o que levou à criação de espaço necessário para armazenar informações, para análise de indícios sutis, para criar um arquivo de experiências passadas e para o planejamento de ações futuras. Isso tudo seria extremamente vantajoso á adaptação biológica do homem ao meio ambiente. Mas, se analisarmos mais profundamente, quais seriam as vantagens biológicas para esse desenvolvimento exagerado de nosso cérebro? O armazenamento de informações seria interessante porque nos permitiria aprender; e nossos erros poderiam ser evitados. Por exemplo, na época da pré-história, esse armazenamento muito provavelmente foi útil para que eles percebessem e lembrassem que certas medidas afastavam alguns predadores. No caso, quem possuía uma maior capacidade de armazenamento de informações teria uma grande vantagem biológica porque conseguiria se proteger melhor dos predadores e teria, portanto, maiores possibilidades de conseguir se reproduzir e repassar seus genes.
Apesar dessas óbvias vantagens adaptativas, existem coisas que não conseguimos explicar com a evolução em torno da necessidade de auto-replicação dos genes, simplesmente porque elas muitas vezes prejudicam essa adaptação biológica necessária para uma otimização da replicação gênica. Por exemplo, qual o objetivo de estarmos constantemente falando e pensando? Qual o sentido de seguirmos determinadas regras, como as religiosas, que pregam um controle sobre os impulsos sexuais? Ou a vantagem de possuirmos um pensamento abstrato que leva á arte? Até mesmo, qual a vantagem para meus genes que eu realize ações altruístas para com seres que muitas vezes não são nem de minha espécie (portanto não compartilham de meu genoma)?
A memética procura explicar essas questões através da existência de entidades auto-replicadoras denominadas memes. Esses memes seriam um tipo de unidade de imitação. Ou seja, todas as idéias e comportamentos obtidos através da imitação de outra pessoa, seriam memes. A própria imitação implícita no conceito de meme seria o seu modo de replicação e, á semelhança dos genes, essa replicação sofreria uma seleção.
A seleção dos memes se daria de acordo com a própria natureza desses memes. Um bom exemplo de como isso ocorre seria o comportamento altruísta disseminado em nossa espécie, ao contrário do que costuma ocorrer com outras espécies. Um comportamento altruísta agrada às outras pessoas, e as aproxima do portador desse comportamento. Com essa aproximação, cria-se a oportunidade para que o próprio meme do altruísmo se propague.
Um meme não precisa, necessariamente, auxiliar a propagação de genes, pois se trata de unidades replicadoras não intimamente relacionadas. Voltando ao caso do altruísmo, podemos perceber esse fato. Uma pessoa altruísta consegue propagar seus memes com certa facilidade, mas, em compensação, não auxilia em nada a propagação de seus genes. Afinal, essa pessoa estaria auxiliando outros genes que não os seus (o que já não faz sentido para a "atuação" usual dos genes), além de estar promovendo a sobrevivência de genes que podem, mais tarde, competirem com eles pela adaptação. Um comportamento altruísta promovido única e exclusivamente pelos genes seria, portanto, rapidamente selecionado em função de um comportamento mais egoísta que objetivasse única e exclusivamente a perpetuação desses genes.
Os memes não se tratam, entretanto, apenas de comportamentos específicos. Eles são muito mais generalizados. Uma carta-corrente, quando bastante copiada, é um meme. A idéia disseminada pela sabedoria popular de que determinada planta funciona como remédio para algum mal, sem nenhuma comprovação científica, também é um meme. Uma música que vai para as paradas de sucesso, e todos cantam; uma obra de arte respeitada e grandemente copiada; uma fofoca bastante repassada; mitos conhecidos pela maioria das pessoas; todos são exemplos de memes que podemos perceber claramente em nosso dia-a-dia e que fazem parte do que chamamos de cultura. Podemos dizer, portanto, que os memes criaram a cultura humana, da mesma maneira que os genes criaram os corpos humanos.



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