Vidas Secas
(Graciliano Ramos)
Trata-se do drama do retirante diante da seca implacável e da miséria, inclusive moral.
São personagens principais: Fabiano o chefe da família, homem rude e calado; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto, a cachorrinha Baleia e os filhos, que, muito significativamente, não tem nome, sendo chamados apenas de menino mais novo e menino mais velho. Percebe-se por este sutil detalhe que a importância dada ao animal, que é útil a Fabiano, é maior que a atenção dada aos filhos, inúteis e que de certa forma, aumentam a miséria dos pais, que são obrigados a se confrontarem com a realidade: a impossibilidade em que se encontram de ampará-los e criá-los.
O papagaio completa o grupo de retirantes.
O primeiro a morrer é o papagaio, cujo cadáver e comido por Baleia.
Há a figura de um soldado, que representa as arbritariedades cometidas pelos governantes, prendendo Fabiano, durante um jogo de cartas.
Fabiano encontra e mata um bode, mas é descoberto pelo dono do bicho, que lhe retira a carne sem deixar-lhe nem mesmo as tripas, insensível ao sofrimento da família.
Um dos meninos morre ao roer umas raízes que encontrara, raízes de mandioca brava.
Um dos capítulos mais tristes é o da morte da cadelinha Baleia, que tem seus pensamentos humanizados e detalhados pelo autor. A cachorrinha, doente, sonha com uma terra fértil, cheia de preás para caçar. Fabiano mata a cadelinha, para abreviar-lhe o sofrimento, e o sentimento de culpar o persegue.
Por fim Fabiano resolve deixar a terra da seca rumo ao sul. Mata e salga um bezerro e partem de madrugada, sabendo-se deslocado na cidade grande, sentindo-se um coitado.
O livro termina com um sentimento de deslocamento e desesperança, bem típico do sertanejo.
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