Eles também são virgens
(o próprio)
Pois é: os homens também são virgens. E também se resguardam, esperando o momento ideal, "aquela" pessoa, contrariando as pressões de uma sociedade que ainda trata homens e mulheres de forma diferente, quando se trata de virgindade... Toda a gente conhece pelo menos uma história de adolescentes que se iniciam nas lides da sexualidade procurando a "ajuda" de uma profissional, uma mulher mais velha, mais experiente, que os vai "libertar" do rótulo de "virgens". Toda a gente ouviu histórias de pais que tomam nas suas próprias mãos essa tarefa, "empurrando" os filhos para uma "estreia" mais ou menos forçada com uma desconhecida, a troco de dinheiro. Para que, finalmente, sejam "homens"! São episódios retratados em livro, filmados a preto e branco ou a cores, ou simplesmente contadas ao balcão de um qualquer café, na galhofa ou como se fossem um pequeno troféu. Tudo isto porque, tradicionalmente, a sociedade exige aos homens – ou melhor, aos rapazes – que deixem de ser virgens. E quanto mais depressa possível, sob pena de serem olhados de lado e, quem sabe, apelidados de homossexuais. Talvez não tanto nos tempos que correm, mas a verdade é que em tempos ainda próximos continuar virgem para além da adolescência era um acto de coragem. Falando do sexo masculino, claro. Porque é só sobre eles que a pressão social se exerce. Sobre as mulheres, a pressão é outra, de sentido exactamente oposto: virgem até ao fim, isto é, até ao casamento, é o que delas se espera. Se acontecer de outra forma, sujeitam-se a considerações menos polidas, que põem em causa a sua integridade moral. É claro que também aqui as mentalidades têm evoluído e que o culto da virgindade feminina já não é a regra. Num mundo em que as mulheres trabalham como os homens, em que disputam lugares de liderança na economia e na política, já não se espera delas que guardem a virgindade a sete chaves. Podem sobreviver preconceitos, sobretudo em meios mais pequenos, mas a regra já não é essa. Tradicionalmente, às mulheres cobra-se a experiência sexual, a mesma experiência que se exige aos homens. E isto porque desde sempre a construção da identidade masculina esteve associada à virilidade, à potência, à competição. São conceitos que ainda se mantêm actuais, a tal ponto de a virgindade masculina ser encarada como um tabu. Entre os homens, está claro. Que é socialmente reprovado ser-se homem e virgem explica-se facilmente com o facto de poucos rapazes terem coragem de comentar com os amigos que ainda não tiveram o seu primeiro contacto sexual. Um rapaz virgem não diz abertamente aos amigos que o é, por recear ser humilhado ou mesmo excluído pelo grupo. O mais certo é que mintam, vangloriando-se de uma vivência que ainda desconhecem, de tal modo a virgindade é sinónimo de insucesso ou falta de atributos. Perguntar a um adolescente ou jovem se ainda é virgem equivale a ouvir uma resposta imediata, disparada como um tiro – "Claro que não!". E quem o admitir, protagoniza um verdadeiro gesto de coragem, porquanto se arrisca a ser ridicularizado pelos pares. Boa parte do relacionamento entre adolescentes do sexo masculino baseia-se na competição – todos querem ter os melhores ténis de marca, os óculos da moda, o último grito em aparelhagem sonora... o maior número de namoradas. E quem já mantiver relações sexuais tem mais hipótese de vencer esta "corrida". Parece caricato, mas no imaginário adolescente assim é. Por isso, efabulam acerca da sua virilidade, se necessário contam "proezas", quando mais provável é serem virgens. E tudo devido à pressão. Eles sentem-se quase obrigados a iniciar a sua vida sexual. E quando a isso são pressionados o mais certo é a experiência ser desagradável, se não mesmo traumatizante, deixando-os cheios de dúvidas sobre as próximas vezes, sobre se conseguirão "fazer as coisas bem feitas"...
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