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Mais energias renováveis a caminho
Portugal depende demasiado dos combustíveis fósseis e essa factura sai-lhe cara. Segundo os últimos números do INE, divulgados no passado dia 28 de Junho, o défice da balança comercial entre Portugal e os países fora da UE agravou-se 31,5 por cento em 2004, atingindo 4446,6 milhões de euros. Destes, 21,2 por cento foram gastos em petróleo. Mas a factura energética não agrava só o défice português. Prejudica também a competitividade e a saúde financeira das empresas. Aproveitando o momento em que a UE e mais cinco países dão passos decisivos para a criação da primeira central de produção de energia por fusão nuclear, depois de terem assinado no princípio da semana um acordo que permite o avanço do Reactor Experimental Termonuclear Internacional, Patrick Monteiro de Barros voltou à carga. O empresário que mais tem defendido que Portugal deve investir em energia nuclear anunciou, no passado dia 30 de Junho, a intenção de apresentar ao Governo a proposta de criação de uma central nuclear que, segundo ele, poderá resolver a actual crise de energia. Nas últimas décadas, de acordo com vários analistas, o País perdeu, por ano, cerca de quatro por cento da sua eficiência energética. Pouco depois de ter tomado posse como ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho garantiu que apresentaria rapidamente o plano dos grandes investimentos públicos, que também contempla medidas para redinamizar o sector energético. "Mas esse documento anda um bocadinho embrulhado. Nunca mais sai cá para fora", lamentou José Eduardo Martins, ex-secretário de Estado do Ambiente do Governo de Durão Barroso, agora partner da Abreu Cardigos & Associados, na passada quarta-feira, durante mais uma edição da iniciativa "Negócios pela Manhã", promovida pela Gesventure, em parceria com a APCRI e a revista Prémio. Desconhecendo ainda, na altura, as medidas que viriam a ser anunciadas pelo ministro no dia seguinte, o exgovernante foi peremptório. "Vamos ter que comprar licenças de emissão [se quisermos respeitar o protocolo de Quioto]. Mas seja qual for o Governo terá dificuldades [em cumprilo]", acredita. Depois do anúncio de que, até 2009, o Governo, em parceria com privados, vai investir 2,5 mil milhões de euros no sector das energias renováveis, sobretudo no eólico, aumentam as expectativas em relação ao concurso que será brevemente lançado, para a atribuição de 1500 megawatts de potência nesse sector eólico. Este tem sido um dos mais prejudicados pela incapacidade dos últimos executivos. Nenhum lhe conseguiu dar o impulso há muito reclamado pelos empresários do sector. "A eólica, no País, está vedada a três players. Mesmo quando houver um concurso com 20, há três que ficam com tudo. O capital de risco, a entrar, não será na eólica", referiu, durante a sessão que teve como tema "O capital de © Mediateca da Comissão Europeia risco e o sector energético", Paulo Caetano, secretário-geral da APCRI. "O Estado devia ser o principal interessado em desenvolver o sector e acaba por ser o que cria mais obstáculos", acusou José Eduardo Martins que, enquanto deputado, apresentou uma proposta de legislação sobre a alteração de sistemas de ventilação e circulação do ar interior em 2001 e só em 2004 conseguiu que o diploma fosse a Conselho de Ministros. "E, ainda assim, essa legislação não ficou completa", confessa. Potencialidades do Alentejo para produzir biodiesel e biofuel não estão a ser aproveitadas A burocracia e a morosidade do Estado estão, no entanto, longe de serem o único problema do sector energético. Mas são dos que mais o afectam. O facto do Instituto de Conservação da Natureza ainda não ter criado uma carta de exclusões que permita às empresas saber em que locais exactos podem investir foi criticado pelo ex-secretário de Estado do Ambiente. José Eduardo Martins acredita, contudo, que no campo das energias renováveis existem "boas oportunidades" que não podem ser desperdiçadas. "Há uma oportunidade, muito mal explorada, mas de grande potencialidade, que é a produzir biodiesel e biofuel na região do Alentejo", sublinhou o advogado. A construção da que será a maior refinaria do País, a 100 quilómetros da linha da barragem do Alqueva, permitiria uma maior rentabilização desta infraestrutura, considera. Apesar dos obstáculos que têm condicionado o desenvolvimento do sector, as energias renováveis estão a conseguir atrair o interesse dos empresários nacionais. Neste momento, em Portugal, só há uma empresa – sedeada em Évora – a fabricar painéis fotovoltaícos e toda a sua produção é vendida para o estrangeiro. Nos próximos anos, haverão, pelo menos, mais duas. Quatro anos depois de ter apresentado um projecto, a Euroventos conseguiu finalmente obter a licença que lhe permite construir uma central de 10 megawatts em Albufeira. As obras arrancam no início de 2006. Prestes a dar o mesmo passo está também um consórcio de empresas, que, com o apoio do fundo de private equity do Banco Efisa, vai começar a produzir painéis fotovoltaícos na zona de Aveiro. "O sector das energias renováveis é um sector onde não temos qualquer preconceito em apostar", confessa Maria Eugénia Magro, directora coordenadora de private equity daquela instituição bancária. No entanto, dos 13 projectos que integram o portfolio que dirige, apenas dois estão ligados ao sector das energias renováveis. Muitos agentes do sector dizem que a inexistência de fundos de capital de risco especializados em Portugal também tem condicionado o desenvolvimento do sector, uma vez que muitas das questões técnicas que a produção de energia envolve não são dominadas por quem passa a intervir directamente na gestão das empresas que a produzem. Para Hélder Serranho, administrador do grupo Generg, a intromissão destas sociedades na esfera interna das empresas que apoiam trouxe vantagens. "Introduziu algumas preocupações de reporting, que não são muito normais em pequenas empresas, e de caracterização, avaliação e hierarquização dos riscos. Em sectores onde haja pouca experiência de gestão, e no caso de empresas que estão a entrar no mercado pela primeira vez, o capital de risco é fundamental", considera. Mais de 5,5 mil milhões de euros para investir até 2009 Apresentado, durante a iniciativa, no habitual espaço destinado a um empreendedor em busca de financiamento, foi ainda um projecto denominado I-SERV. Promovido pelo grupo que detém a Business Control, a DOCmaster e mais sete empresas, este novo negócio procurar tirar partido das sinergias de todas elas para fazer a gestão de recursos primários em edifícios. Através da utilização de um sistema de monitorização electrónica, os seus responsáveis acreditam que podem fazer os consumidores domésticos, as empresas e as organizações da Administração Pública a reduzir as suas facturas da água, da electricidade e do gás e até dos seus serviços de telecomunicações. "Com esse diferencial, é possível concretizar a amortização do investimento. Às vezes, conseguem-se reduzir 20 por cento a custos baixíssimos", assegura Carlos Rosário, um dos empresários que está por trás do projecto. "Estamos a consumir mais energia. A dúvida é se a estamos a consumir bem. Este projecto acerta no alvo e vai ajudar Portugal a não ser tão penalizado pelo [incumprimento das metas impostas pelo] protocolo de Quioto e pelo das energias renováveis. Também não vamos chegar lá. Em 2010, não vamos conseguir cumprir a directiva sobre as energias renováveis", vaticina Hélder Serranho. Francisco Banha, director-geral da Gesventure, acredita, contudo, que os investimentos nesta área "poderão ter um incremento significativo", uma vez que, até 2009, existem três mil milhões de euros disponíveis para serem utilizados, além dos 2,5 mil milhões que integram o programa de investimentos prioritários que o Governo apresentará durante a próxima semana. Manuel Pinho já disse que as energias alternativas e a eficiência energética são "as grandes prioridades" do Executivo. "Se Portugal
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