Morte e Vida Severina
(João Cabral de Melo Neto)
Magnífico auto de Natal em forma de poema. O retirante Severino parte do sertão em busca de melhores locais, seguindo o leito seco do rio como um dos magos a seguir a estrela de Belém. Pelo caminho atravessa terras secas e canaviais que ondulam como um mar verde, encontra pessoas que lhe falam da vida, da morte, da justiça, de toda sorte de dificuldades e da persistência feroz do homem sertanejo. A cena do enterro do lavrador ficou muito conhecida por ter sido musicada por Chico Buarque de Holanda: “ esta cova em que estás / com palmos medida /é a conta menor que tiraste em vida / é a terra que querias ver dividida / não é cova grande, nem larga e nem funda, é a parte que te cabe deste latifúndio “ Desanimado de ver tanta miséria, até mesmo na cidade de Recife aonde afinal chega, Severino conclui que a vida é inútil e pensa em suicídio. Ocorre que, ao entrar nas águas do rio Capiberibe encontra seu José, cujo filho acaba de nascer, e que lhe canta a beleza desta vida, mesmo que seja, como a dele, “uma vida severina.” O retirante então acompanha seu José até a varanda da casa, onde Maria, sua esposa, lhe apresenta o menino, e as vizinhas comparecem com presentes e cantos. Usando linguagem popular para tocar com coragem e inteligência nas questões sociais do nordeste brasileiro sem cair no lugar comum nem tornar-se piegas, este é um poema que toca fundo as pessoas sensíveis. É a obra prima do autor.
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