O QUE ACONTECE COM O TRABALHO NA SOCIEDADE, NA COMUNIDADE, NA ESCOLA? Parte I
(Susilei Angelica do Nascimento Lima)
A Unidade Escolar que leciono, foi criada em 1983, para atender inicialmente a três bairros, chegando a funcionar em 04 turnos para atender a demanda desses bairros sendo os mais populosos do municipio. Iniciou com o Ensino Fundamental e ampliou para também o Ensino Médio. No ano de 1992 devido ao aumento da demanda, foi criada uma outra escola Estadual na região. A escola João Maringoni já atendeu anualmente 2200 alunos, com 51 salas de aula funcionando diariamente. Ela está localizada em ponto crucial de ligação entre núcleos habitacionais novos considerados o maior da América Latina, e outros que hoje também estão agregados a clientela da escola e possuem uma população estimada de 34.955 habitantes, 7115 residências, 307 pontos comerciais, 02 industrias e 17 órgãos públicos (fonte: Jornal da Cidade/1996). Mesmo com a reorganização das Escolas feita pelo Estado, esta unidade escolar continuou a receber alunos do Ensino Fundamental Ciclo I e II e Ensino Médio. Atualmente com 1340 alunos em 3 turnos, acolhe alunos do Ensino Fundamental Ciclo I e II(manhã e tarde), Ensino Médio (manha e noite), Educação de Jovens e Adultos(noturno) e Projeto Escola da Juventude (Ensino Médio nos fins de semana). O Projeto Escola da Juventude não terá continuidade nesta unidade devido a pouca procura, impossibilitando a abertura de novas turmas, encerrando as atividades em novembro de 2006. Importante ressaltar que a procura maior da clientela é de cursos para a Conclusão do Ensino Fundamental Ciclo II. Devido as mudanças ocorridas, a escola esta com defasagem de funcionários na área de limpeza e também na área administrativa, sendo que sua maioria é constituída por mulheres. A escola tem contratado 05 funcionários, três inspetores de alunos e uma auxiliar de merendeira. Não temos professores ou estagiários contratados pela APM. O corpo docente possui 85% efetivo e 25% contatados pelo estado. O contingente de professores admitidos em caráter temporário é pouco, mas os que “cobrem” as faltas dos professores efetivos é significante. A comunidade é constituída em sua maioria por trabalhadores do comércio. Existem muitos desempregados ou trabalhadores informais que fazem serviço de pedreiro, eletricista, encanador, pintura e há também alguns que lecionam informática, pintura artística e música na própria residência. A maioria das mulheres exercem os papéis de mãe, pai e ainda trabalham para garantir o sustento de todos da família. Contamos com serviços municipais como o PET (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil) e diversas creches, onde as mães podem deixar seus filhos e trabalharem tranqüilas. A vida sócio-econômica - lazer, trabalho, saúde - está bem distante da realidade necessária a todo ser humano, para tornar-se digno como cidadão e suplantar as necessidades inerentes a sobrevivência dentro deste contexto social, sendo a escola o principal ponto de encontro das crianças e jovens, como no Programa Escola da Família. A escola encontra dificuldades de manutenção e preservação do espaço físico, devido a pixações, roubos e arrombamentos. Parte I Em decorrência da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional , as escolas foram reorganizadas para melhor atender a sua clientela, mas na Escola estas mudanças não acarretaram alterações significativas, sendo que a escola continua atendendo a diferentes cursos, o que dificulta a organização dos espaços e equipamentos pedagógicos. “... para cumprir o compromisso, estabelecido em JOMTIEN, de expandir a educação básica, os países em desenvolvimento tiveram de pensar estratégias de elevação do nível de atendimento às populações sem, contudo, aumentar na mesma proporção os investimentos. A redução das desigualdades sociais deveria ser buscada a partir da expansão da educação, que permitiria às populações em situação vulnerável encontrar caminhos para a sobrevivência”. (Carnoy, 1992) A comunidade espera e cobra da escola, algo além de uma educação centrada na aprendizagem: ela vê a escola como ponto de refúgio em que seus filhos possam estar em segurança enquanto os pais trabalham, deixando o acompanhamento dos estudos, enquanto pais, a cargo da escola, fato esse que sobrecarrega o trabalho do professor que é responsabilizado, como agente responsável nos contextos de reforma, pela ineficiência destas mudanças implantadas por programas governamentais. Para suprir tais deficiências, pode-se observar o surgimento de programas de políticas publicas com um duplo enfoque nas reformas educacionais: a educação dirigida à formação para o trabalho e a educação orientada para a gestão ou disciplina da pobreza. Segundo Oliveira, “Essas reformas acabarão por determinar uma reestruturação do trabalho docente, resultante da combinação de diferentes fatores que se farão presentes na gestão e na organização do trabalho escolar, tendo como corolário maior responsabilização dos professores e maior envolvimento da comunidade.” Notando tais mudanças e a implantação das políticas publicas pelo Estado, entendemos que assim como o trabalho em geral, também o trabalho docente tem sofrido relativa precarização nos aspectos concernentes às relações de emprego, observamos também a jornada estafante a que o professor esta submetido, salários ínfimos e ainda sentem-se obrigados a responder às novas exigências pedagógicas e administrativas, faltando-lhes condições de trabalho adequadas. Mediante esta realidade nos deparamos com as inúmeras licenças – saúde e faltas médicas, pois os professores não agüentam a pressão psicológica e a jornada estafante que são obrigados a enfrentar.. Não se esquecendo de que os “...professores são obrigados a responder por exigências que estão além de sua formação. Muitas vezes esses profissionais são obrigados a desempenhar funções de agente público, assistente social, enfermeiro, psicólogo, entre outras.”(Noronha, 2001).
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