Força de trabalho no Brasil
(Claudia Maria de Almeida Carvalho)
Define-se trabalho como a aplicação de um esforço qualquer na realização de uma tarefa. Pode-se dizer que a história do trabalho confunde-se com a da humanidade. É por meio do labor que o homem transforma a natureza em função de suas necessidades materiais e espirituais; e é mediante o aperfeiçoamento da produção que cria novas necessidades, bem como a capacidade de satisfazê-las, determinando modificações nas estruturas políticas, econômicas e sociais e em suas manifestações.
Na Antiguidade, o trabalho era considerado indigno da condição humana. Na Idade Média, era realizado quase exclusivamente por servos de gleba.
A força de trabalho de um país é fornecida pela parcela apta da população. Entretanto, mesmo as atividades consideradas ‘marginais’ podem participar da divisão do trabalho, contribuindo para o produto social.
No Brasil, a força de trabalho tem o seguinte desenvolvimento:
As características da atividade produtiva (trabalho) nos períodos:
Da descoberta: o índio já trabalhava a terra brasileira quando chegaram os portugueses. O trabalho indígena é organizado e tem a finalidade de conseguir recursos naturais para a sobrevivência.
Da Escravidão: a presença portuguesa adotou a escravidão, tentando escravizar o indígena, sem muito sucesso, depois partiu para a escravidão do negro africano. A produção de açúcar exigia muita mão-de-obra e os portugueses foram buscá-la na África. Tinham lucro com o açúcar, com o tráfico de escravos e com a utilização de sua força produtiva.
Do Trabalho servil: o Brasil tem um período, desde sua descoberta, de 350 anos de trabalho servil e semi-servil.
Do Colonato: trabalhadores das fazendas (colonos) e suas famílias tinham que cuidar de um certo número de pés de café. Somente há cerca de um século é que o Brasil possui a chamada liberdade formal de trabalho.
Trabalho e organização social
os trabalhadores de uma determinada classe, normalmente, formam grupos organizados que se relacionam e buscam atingir seus ideais. Exemplo: as comunidades indígenas que têm uma cultura própria e o trabalho é resultado de um processo pré-determinado.
Os sindicatos são outro exemplo, porém diferente. A partir de suas exigências, os governantes elaboram as normas trabalhistas, gerando a organização social.
os vários movimentos relacionados ao trabalho brasileiro
o índio resistiu, de certa forma, ao trabalho escravo imposto pelos brancos colonizadores, mas mesmo assim foram explorados e praticamente exterminados. Os negros foram forçados à escravidão, mas não ficaram passivos. Eles promoveram seus movimentos de resistência. E houve o movimento da Abolição, do qual participaram os cafeicultores paulistas e outros interessados. Houve também forte pressão externa, especialmente dos ingleses.
Depois desta época, os trabalhadores brasileiros formaram vários movimentos grevistas com a finalidade de organizar a situação dos trabalhadores que até meados do século passado não era regulamentada e eles (entre eles, mulheres e crianças) trabalhavam em condições bastante precárias. A maior das greves do início do século passado foi a de 1917. Até a década de 30, os trabalhadores que ousavam denunciar ou reivindicar algo, fazendo manifestações, normalmente, sofriam repressões, prisões. Os imigrantes eram expulsos do país. O governo não se preocupava em regulamentar as condições trabalhistas. Depois de muita luta, o salário mínimo foi instituído em 1940.
O período de consolidação do salário mínimo vai de 1940 a 1951, o período de recuperação vai de 1952 a 1964, e o de arrocho salarial de 1965 até hoje.
O trabalhador urbano conseguiu uma atenção do governo para instituir suas leis, mas o trabalhador do campo, o rural, ainda não teve a mesma atenção.
No final do século XX, o trabalhador continuou organizando movimentos sindicais para frear a queda dos salários.
Relação entre trabalho e legislação
O salário-mínimo faz parte da intervenção do governobrasileiro na economia como um todo, e, mais nas relações entre trabalho e capital. Os trabalhadores lutam sempre para fazer valer a legislação do salário-mínimo e elevar os salários, além da melhora das condições gerais de trabalho e de vida, pois a vida do brasileiro está normatizada pela Constituição Federal. Além disso, esta luta pelo salário-mínimo reflete os movimentos dos trabalhadores e das classes dominantes brasileiras.
relação entre trabalho, crescimento e desenvolvimento.
havendo desenvolvimento, conseqüentemente há crescimento e melhora o poder aquisitivo do povo, pois o desenvolvimento leva ao aumento de emprego. Com o período de industrialização no Brasil, houve um crescimento do índice de empregos, porém, houve em paralelo, mais concentração de renda. Por outro lado, muitos trabalhadores, que não aparecem nas estatísticas, conseguem se manter com seu trabalho autônomo. Hoje, há elevado índice de desemprego, embora haja políticas de combate.
relação entre trabalho e renda
Quando houve crescimento do PIB (últimos 50 anos), houve também um crescimento econômico, mas produziu maior concentração de rendas. A renda fica com os donos do capital e não é distribuída entre os trabalhadores, como deveria ser.
Conclusão
Só devagar e progressivamente e também através de muita luta, a evolução do regime de trabalho chegou ao século XX, quando teve maior participação da sociedade e a atenção da Constituição. Desde a colonização, o Brasil passou pela dominação dos portugueses e de outros estrangeiros que exploraram a mão-de-obra dos índios e dos negros e, depois dos colonos, das mulheres e crianças. Os desenvolvimentos industrial e tecnológico determinaram mudanças relacionadas ao trabalhador. O trabalho feminino evoluiu bastante. A mulher conquistou um espaço não antes imaginado. Até hoje há exploração de trabalho, inclusive o infantil, embora haja um combate mundial contra a exploração de menores. mas a mentalidade dos empregadores está mudando, e espera-se, mude muito mais para melhor.
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