Porque é que os recem- nascidos não se lembram do seu nascimento
(Revista de psicologia- Carlos Amaral dias)
PORQUE É QUE OS RECÉM-NASCIDOS NÃO SE LEMBRAM DO PRÓPRIO NASCIMENTO ??? Desde sempre se diz que os bebés memorizam a voz da mãe por a terem ouvido durante a gravidez, assim como os seus batimentos cardíacos. Mas tudo não passa, ou melhor passava de senso comum: uma equipa de investigadores gravou o som de muitas mães diferentes a cantar cantigas de embalar. Verificaram que os bebés reagiam com entusiasmo às "árias" escutadas durante a gravidez; mas continuavam impassíveis se lhes apresentassem novidades ou fizessem grandes variações nas já conhecidas. E provaram ainda que estes recém-nascidos preferiam decididamente a voz materna à de qualquer outra mulher, assim como também manifestaram uma clara preferência pela sua língua materna. A questão que se levanta é o porquê de um recém nascido se lembrar de tudo isto e não do próprio nascimento. Acontece que o seu cérebro não está completamente acabado; a rede de comunicações ainda se encontra incompleta; os neurónios do córtex ainda têm de crescer, sendo os seus prolongamentos curtos. Ora, para reter uma cena que se desenrola perante os nossos olhos, é necessário que esses neurónios já estejam ligados em rede, de forma a correlacionar as diferentes sensações que experimentamos. Mas mais importante ainda do que isto é o facto do bebé não ter experiência que chegue para descodificar o que acontece ao seu redor. No momento do nascimento, o bebé é como alguém a quem se fala numa língua estrangeira e que não percebe absolutamente nada do que lhe dizemos. Se, pelo contrário, soubesse a língua, as frases ouvidas teriam um sentido, o que lhe permitiria memorizá-la. A somar a tudo isto há muitas outras funções que ainda não estão suficientemente maduras para dar ao bebé indicações precisas. Os especialistas dizem que a "codificação" da informação ainda é demasiado sumária para permitir que as memórias se construam. Todos os bebés são capazes de apreender e ter uma acção, mas nos limites das suas possibilidades físicas. O BEBÉ NÃO É AMNÉSICO!! No laboratória em Marselha, a neurologista Scania Schonen e a sua equipa mostraram a bebés de três meses fotografias de um rosto. Os bebés olharam para elas durante uma média de um minuto. 24 horas mais tarde, a mesma fotografia voltou a ser-lhes mostrada, e logo a seguir uma segunda foto de um rosto desconhecido. Verificou-se que a sua atenção ia principalmente para o novo rosto. Na verdade, um adulto normal reage da mesma forma a esta experiência. Mas já um amnésico não é capaz de se recordar de uma cara mais que uns segundos. E olhará para as duas fotografias exactamente da mesma forma. Longe de ser amnésico, o bebé comporta-se como um adulto são. Possui não só uma memória para aprender a fazer coisas (memória processual), como para recordar aquilo que vê (memória episódica). A PARTIR DE QUE IDADE SOMOS CAPAZES DE CONSTRUIR UMA VERDADEIRA MEMÓRIA? É certo que aos três quatro anos o cérebro de uma criança já está suficientemente equipado para memorizar tão bem como o de um adulto. Contudo, surge sempre uma pergunta em relação às memórias antigas: as memórias de infância são verdadeiras memórias? Os especialista são categóricos: sem chegarem ao extremo de dizer que as memórias de infância são completamente inventadas, insinuam que a memória familiar contamina a memória pessoal.
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