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Análise do poema " Os Mortos de Sobrecasaca"
(Carlos Drummond de Andrade)

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Análise do poema “Os Mortos de Sobrecasaca”, de Carlos Drummond de Andrade. No poema há um toque irônico , descrito no primeiro verso: “um álbum de fotografias intoleráveis”. Devemos salientar também que, no tocante ao conteúdo, Drummond cria uma tensão entre a imagem, o estado estático das fotografias contidas no álbum e o movimento único, peculiar, ímpar do verme sobre as imagens desbotadas pelo tempo. No segundo verso, por sua vez, usa formas de enfatizar o quão velho era o álbum por meio da palavra “infinito”, que dá a sensação da indefinível distância de tempo: “velho de infinitos minutos”. E, sem sombra de dúvida, a palavra “velho”, se relacionada à palavra “fotografias”, nos faz lembrar de um tom de cor meio que alaranjado – levando em conta os efeitos do tempo - o sépia. Ou seja, o “velho de infinitos minutos”, reflete a idéia principal de uma fotografia: por mais que ela possa se tornar velha, ela será perpétua, eterna. Sobre isso podemos citar Clarice Lispector que na Paixão Segundo GH também retrata essa revelação perpétua da fotografia: “Somente na fotografia, ao revelar-se o negativo, revelava-se algo que, inalcançado por mim, era alcançado pelo instantâneo: ao revelar-se o negativo também se revelava a minha presença de ectoplasma. Fotografia é o retrato de um côncavo, de uma falta, de uma ausência?” Nos terceiro e quarto versos, para reforçar a palavra “intoleráveis” do primeiro, fala que zombavam da morte das sobrecasacas. Na segunda estrofe, quando conta que o verme roia “as sobrecasacas indiferentes”, o autor põe à prova a insignificância aparente daquele álbum, em que as pessoas em si não tinham identidade, definidas apenas pela sobrecasaca que usavam. Porém, nos dois últimos versos, quebra-se toda a zombaria quando é dito que, apesar do verme ter roído o álbum e de zombarem dos mortos de sobrecasaca, ainda assim havia um “sopro de vida” algo que poderia, materialmente, se acabar com o tempo, mas que não acabaria no sentido de história e dor que haviam passado cada uma daquelas pessoas. Assim como no conto devemos unir forma e conteúdo pra elevá-lo ao status de literário, pois o poema utiliza ironia “um álbum de fotografias intoleráveis” (primeiro verso), e personificação “as sobrecasacas indiferentes” (quinto verso). Há uma escolha nas palavras do poema de forma que dê um toque leve, porem sarcástico, criticando todo tempo, como ao dizer os “mortos de sobrecasaca”, sem identidade. Há, sem duvida, compromisso estético com as palavras para dar esse tom ao texto. O poema não possui forma definida, nem rimas, mas faz o uso do enjabeman do terceiro para o quarto verso “em que todos se debruçavam / na alegria de zombar dos mortos de sobrecasaca”, e utiliza também a chamada epanadiplose, quando do sétimo para o oitavo verso repete “que rebentava”, dando ênfase a esta idéia: “Só não roeu o imortal sopro de vida que rebentava / Que rebentava daquelas páginas.” Podemos observar diante de tudo isso, que no poema a morte é tratada como uma libertação, com ironia, mas com idéia final de liberdade, afinal essa é uma busca humana e como já disse Cecília Meireles: “Liberdade – essa palavra / que o sonho humano alimenta: / que não há ninguém que / explique, / e ninguém que não entenda.”



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