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Uma questão de dignidade humana
(site de psicologia social)

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Um chefe não deve nunca esquecer que seus subordinados são homens e que, além do serviço, têm interesses, cuidados, sentimentos humanos. E é por toda a humanidade deles que um chefe compreensivo deve interessar-se com tacto e discrição. O mais essencial dever do chefe perante os seus subordinados é, no exercício do próprio mandato, reconhecer-lhes o seu valor de homens e tratá-los segundo a sua dignidade de pessoas inteligentes e livres. O homem, porque é pessoa, não se pertence senão a si próprio e a Deus; não se entregaria a outro homem que pudesse considerá-lo como coisa sua. . Primeiramente o serviço, não há dúvida. Mas não é tudo; que aproveitaria ao bem da humanidade uma bela missão, se resultasse em tornar menos homens aqueles que nela devem trabalhar? A disciplina é um meio e não um fim. Deve ser flexível para ser formativa, permitindo que os homens tomem as suas responsabilidades. Trata-se como homem na medida em que se compreende o porquê dos seus actos. O homem recusa a servidão mas não lhe repugna o serviço: pelo contrário, encontra aí a satisfação dum instinto natural de fidelidade e de segurança. Mas quer ter a certeza da estima e da confiança daquele que o dirige, e ser por ele tratado como homem. Brusco ou calmo, aquele que reconhece em cada homem uma individualidade que constitui sua riqueza e seu orgulho, não pode deixar de pôr secretamente nos modos como que a solenidade dum apelo, apelo de homem para homem, espécie de sentimento de profunda e fundamental igualdade, apesar das diferenças e da hierarquia necessárias. Não se fala aqui daquela igualdade insultante, daquelas palmadinhas na barriga, daquela camaradagem barata que não inspira senão desgosto àquele que se pretende lisonjear. Mas trata-se daquelas nobres relações de homem para homem, dum para outro, um suserano outro vassalo, ligados pelo dever necessário do comando e da obediência. . Uma palavra imprudente, uma falta de respeito, uma expressão dura ou desdenhosa podem semear hoje um rancor que amanhã se transfornará em cólera. Quanto mais elevado em dignidade está o chefe, tanto mais deve evitar ofender a susceptibilidade dos subordinados, porque a flecha penetra tanto mais profundo quanto de mais alto cai, e se toca o coração pode ser mortal. A injúria nos lábios do chefe desonra-o e abre na alma do súbdito uma ferida incurável. "Advirto-te de que nunca empregues com teus soldados expressões duras, epítetos vergonhosos, e nunca profiras em presença deles palavras ignóbeis e baixas". Acredita, meu filho, que está é a única maneira boa de fazer respeitar as ordens, torná-las agradáveis, acelerando-lhes a execução, e inspirar aos soldados aquela confiança em seus oficiais que é a mãe duma sólida disciplina e de triunfos.A principal coisa, para mim, é conquistar a amizade do soldado, pois que se o coronel não é amado, ninguém gostará muito de se deixar matar às ordens de alguém que se detesta. Em Wagram, onde a coisa esteve feia, e onde o nosso regimento fez muito, julgais que, se vós não tendes sido como fostes, os artilheiros da guarda haveriam manobrado tão bem? Eu, meu general, nunca encontrei nenhum coronel que soubesse falar como vós a um soldado; sereis severo, concordo, mas justo; enfim, faláveis a um soldado como se ele fosse da vossa igualha. O chefe deve esforçar-se por criar entre si e seus subordinados atmosfera e reacções de verdadeira colaboração. O melhor meio para isso não será interessá-los no trabalho que têm de realizar, fazendo-os partilhar na medida em que são capazes do ideal que o anima? Todos estamos naturalmente persuadidos de que respeitamos a personalidade de nossos colaboradores. Todo o homem com coração procura fazê-lo; mas observar até ao fim este respeito não é tão fácil como se julga. Porque respeitar a personalidade humana de cada um de seus subordinados é falar-lhes com a mesma estima como se se tratasse de seus chefes .Um soldado não se inclina ao saudar o seu superior. Pelo contrário, é seu dever empertigar-se claramente, e o seu gesto decidido simboliza a altivez com que deve servir. Seria desonrar tal gesto, cheio de confiança e de nobreza, pretender que significasse servilismo ou fraqueza. Sempre estive convencido de que o superior deve respeitar a personalidade dos seus súbditos; estes nunca realizam, evidentemente, o seu ideal absoluto. No entanto, devemos servir-nos de nossos subordinados tais quais são, utilizando as suas qualidades e até os seus defeitos, que muitas vezes não são senão exageros de qualidades. Esforcemo-nos por mandar e obedecer com boa disposição; o homem mal humorado e o homem encolerizado são doentes, portanto seres de qualidade momentânea inferior. Sejamos sempre delicados com nossos inferiores; quando se é delicado, elevam-se aqueles a quem nos dirigimos; quando se é grosseiro, rebaixamo-nos a nós próprios. Frente ao superior, a indelicadeza é uma falta contra a disciplina, perante o inferior, é, além do mais, uma cobardia. Só a delicadeza torna suportável a dureza duma censura. Falemos sempre com calma - o que não impede de se falar com firmeza; dar ordens, fazer observações em tom muito elevado, perturba os subordinados, impele-os a eles próprios a gritar, atrapalha o serviço. Resultou daí, na alma operária, um complexo de inferioridade que levou aqui e além a reacções violentas. É a partir do momento em que um chefe respeita a altivez dos seus homens e os trata verdadeiramente como homens que começa a ter solução a questão social.



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