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Formação dos grupos de pares na adolescência
(Sprinthall&Collins)

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É premente elucidar a forma como se processa a formação do grupo de pares. Em primeiro lugar, estes grupos não se formam de modo instantâneo mas são resultado de sucessivas avaliações e interacções entre iguais. Decorrente da passagem da infância para a adolescência e consequente «alargamento do mundo social» (Sprinthall&Collins, 1988), o jovem experimenta diversos contactos com os outros que influenciam directamente a formação dos grupos. Enquanto na infância os indivíduos pertencem a um determinado grupo de modo a que possam participar em actividades como jogos ou brincadeiras, na adolescência os jovens estabelecem relações entre si visando a partilha de sentimentos e interesses em comum. Assim, os grupos desta fase são claramente mais estáveis, definidos e até mais selectivos do que os grupos da infância.
Inerente à constituição dos grupos na adolescência deparamo-nos com a emergência de uma nova concepção de amizade, um claro indicador de maturidade cognitiva e social (Kohn, 1981), isto é, a capacidade do sujeito tomar a perspectiva do outro, do amigo, e de consolidar uma relação assente na reciprocidade e partilha. Segundo Sprinthall & Collins, «amizade significa possuir relações próximas nas quais existe uma apreciação e valorização mútuas». Consequentemente, na infância o amigo é o companheiro das brincadeiras enquanto na adolescência amigo é “aquele que me compreende”. As amizades na adolescência vão progressivamente assemelhando-se às amizades entre adultos na medida em o que une intrinsecamente as pessoas não se reduz a actividades superficiais voltadas para fins concretos mas as características de ordem psicológica de cada um nomeadamente a lealdade, a confiança ou a sensibilidade. A amizade “amadurece” a adolescência (Costa, 1990).
A partir destas conclusões em torno do desenvolvimento da amizade na adolescência podemos ainda asserir algumas variações ao nível de relacionamento entre os rapazes e entre as raparigas. Tal como comprova o Douvan & Aldeson (1966), os dois sexos diferem no modo como se relacionam ao nível da intimidade. Enquanto os rapazes focam a amizade em actividades em comum como a prática de desportos, as raparigas direccionam a amizade numa dimensão interpessoal estabelecendo laços mais íntimos do que os rapazes. Aliás, os grupos de raparigas são em número mais reduzido do que os do sexo oposto. Em contrapartida, os rapazes mantém amigos da infância, o que nem sempre acontece com as jovens. Note-se que as raparigas detém uma maior facilidade em formar novas amizades visto serem mais perspicazes na apreensão de certas características favoráveis à manutenção de uma amizade. No entanto, elas revelam uma menor disposição em incluir um novo elemento no seu ciclo de amigos. As diferenças encontradas entre os sexos podem advir do modo mais eficaz que as raparigas lidam com situações que exijam o uso da expressão verbal, o que facilita a criação de novas amizades. Por outro lado, o próprio processo de socialização condiciona que o sexo feminino seja mais propenso a atender as necessidades alheias, a tomar a perspectiva do outro que começa a ser dimensionado como uma entidade psicológica (Diaz e Berndt, 1982). Nesse sentido, as raparigas ao valorizarem numa relação o calor humano e a compreensão acabam por ter conversas mais íntimas do que o outro sexo e ainda manifestam uma maior ansiedade no que toca à rejeição na relação.
Superficialmente ficamos convencidos que as relações entre as raparigas são mais exclusivas e íntimas relativamente às dos rapazes. Contudo, os jovens do sexo masculino apesar de não dedicarem o mesmo tempo à troca de pensamentos mais privados e de segredos podem ter uma “compreensão mais profunda do outro por passarem mais tempo juntos”. Para além da existência de grupos femininos e masculinos, convém mencionar os grupos formados no seio da comunidade escolar. A escola assume-se como um local privilegiado para o desenvolvimento de competências interpessoais, especialmente por meio da participação dos alunos em actividades extracurriculares ou pela própria disposição da sala de aulas.Com efeito, a escola afecta por diversos modos a escolhas de amizades e associações entre os jovens uma vez que ao organizar os alunos em turmas estrutura também as relações sociais entre os alunos. Assim sendo, desde a organização de actividades extracurriculares até ao recurso de estratégias de aprendizagem na sala de aula como por exemplo os trabalhos de grupo podem favorecer ou não o contacto interpessoal entre os colegas.
Alguns estudos efectuados demonstram a existência na escola de grupos formados por um número relativamente elevado de elementos que corresponde normalmente a uma turma. O grupo na escola tende a ser consistente já que a “população escolar é relativamente estável e mais difícil de desligar-se do seu grupo” (Newman&Newman, 1986). Fora da escola os grupos tendem a ser mais reduzidos cujos membros pertencem a ambos os sexos. Considere-se ainda que na adolescência os membros de um grupo frequentemente pertencem à mesma raça e mesma condição económico-social até em escolas que converge uma grande mistura racial na população escolar. Aparentemente, os jovens escolhem para o seu ciclo de amizades indivíduos baseando-se nos pressupostos da cor de pele o que constitui uma conclusão precipitada. Pelo contrário, os adolescentes de modo a desenvolver uma relação com o outro têm sobretudo em consideração o nível de relações recíprocas que poderão ocorrer assim como a partilha de gostos e interesses semelhantes. Escreva o seu resumo aqui.



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