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Malacuecos
(Fernanda Gâncio)

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Há quem se encontre no sabor das madalenas com os prodígios da infância. Eu tenho, por exemplo, os malacuecos. Quer dizer, não tenho. Há décadas (várias, hélas) que não ponho o olho, quanto mais o dente, num malacueco. E duvido que, a materializar-se um à minha frente, o degustasse com o deleite que recordo. Muita coisa muda com o tempo e a idade, e uma é o paladar. Passa-se a gostar de brócolos, picante e peixe cru, por exemplo, e a odiar fritos. E os malacuecos são fritos. Na verdade, como percebi anos mais tarde, os malacuecos são (eram?) uma espécie de farturas. Ou de coscurões. Não sei bem. Havia uma entidade chamada "o homem dos malacuecos", que se movia na praia algarvia onde veraneei em criança. O tal homem trazia os malacuecos numa caixa de folha e eu passava o dia a perguntar por ele à minha mãe. Estou a ver-me, como numa foto (será que vi essa foto?), aos três ou quatro anos, estendida de barriga para baixo na toalha, o sol a evaporar o mar da pele, os olhos numa bebedeira de luz e o malacueco, envolto num papel vegetal e polvilhado de açúcar (pouco açúcar, nunca gostei de coisas muito doces), na mão, intacto, antes da primeira dentada.



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