A Construçaõ da Realidade Psicológica da criança
(Profª Drª Maria de Fátima Oliveira)
O nascimento da vida psíquica num bebé começa na relação que é estabelecida com a mãe. De acordo com o pediatra Inglês – Winnicott – os cuidados maternos adequados são indissociáveis do bebé e garantia de uma boa saúde mental. Segundo ele, um lactente isolado não existe: quando encontramos uma criança, encontramos cuidados maternos. Acrescenta, por outro lado, que o rosto da mãe é o primeiro e único verdadeiro espelho da criança. A relação mãe-bebé está correlacionada com o processo de maturação da criança. As primeiras experiências intersubjectivas desenvolvem-se num banho de afectos, (S. LEBOVICI, 1983). A mãe comunica os seus afectos interpretando as necessidades e desejos do bebé. Para isto, ela utiliza as suas capacidades de empatia, que lhe permitem perceber os estados afectivos do bebé. Segundo B. Brazelton, o que caracteriza a interacção típica entre uma mãe e o seu bebé é a sua natureza cíclica, com a alternância de períodos durante os quais a criança fixa intensamente o rosto da mãe e períodos em que o evita, fechando os olhos ou desviando-os ligeiramente. Winnicott distingue três séries de actos nos cuidados que a mãe prodigaliza à criança: O Holding que corresponde ao amparo da criança pela mãe, ela suporta-o, assegura-lhe um continente corporal graças ao seu próprio corpo dela no espaço. O Handling reenvia para os cuidados e manipulações da criança pela mãe, que ao faze-lo, lhe proporciona sensações tácteis, cinestésicas, auditivas e visuais. O Object-presenting corresponde ao modo de apresentação do objecto; assim através da mãe, a criança tem acesso aos objectos simples, depois a objectos progressivamente mais complexos e finalmente à sua dimensão. A mãe partilha com a criança pequena um pedaço do mundo à parte mantendo-o suficientemente limitado para que a criança não fique confusa e aumentando-o muito progressivamente de forma a satisfazer a capacidade crescente da criança fruir do mundo, (Winnicott, 1957). A relação de objecto da criança com a mãe, objecto de Amor, define a afectividade relacional. Há ainda um enquadramento dessa afectividade num estado afectivo geral, que pode ser alegre ou triste, tranquilo ou ansioso, agitado ou instável. A criança aprende a conhecer o ambiente e o seu conteúdo através da interacção dinâmica com a mãe. No início assiste-se a uma díade relacional e posteriormente com a introdução do pai, uma tríade relacional de afectos, cada um com a sua função na construção psico-emocional da criança. Diria que a relação objectal com mãe será a plataforma psíquica na qual a criança constrói a sua identidade social. Se existirem bons alicerces, esta construção será harmoniosa e estável, se não for bem conseguida, a construção citada, a criança pode porventura apresentar alguns problemas psicológicos e muitas vezes problemas psicossomáticos. A criança começa a percepcionar a Vida através da primeira relação social que é com a mãe. Brazelton observou que o lactente é capaz de antecipar uma inter-relação social e que, quando as suas tentativas não são satisfatórias, ele utiliza uma diversidade de técnicas para tentar implicar a sua mãe. Margaret Malher, que ao estudar a cria do Homem durante o seu desenvolvimento e na sua interacção com a mãe, esta propõe a teoria da existência de um processo de separação/individuação que conduz a criança a uma representação de si própria clara e distinta e posto isto, a uma autonomização da vida psíquica. Existe unanimidade entre todos os autores que estudam o Desenvolvimento da criança, que a interacção mãe-bebé é crucial pois determina o aparecimento e o início da vida psíquica e permite à criança uma construção de estrutura mental e emocional. No entanto, acontece que na actualidade assiste-se a uma "despersonalização maternal" do vinculo afectivo entre mãe-bebé, dado que é pratica comum e social, as mães terem que colocar os seus bebés, geralmente por volta dos 4 meses quando acaba a licença de parto, em creches e infantários, para que esta possa trabalhar.
Resumos Relacionados
- Vinculação Na Adoção
- Bebé Enterrado Vivo Sobrevive
- Objetos Transicionais E Fenomenos Transicionais
- O Que é Ser Criança Do Ponto De Vista Psicológico.
- Falso Self
|
|