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Tenho medo de começar a escrever.
(Florestan DE'Maio)

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Tenho medo de começar a escrever e não mais parar. Explico: é que sinto um desespero colossal em relação aos níveis de interpretação, sem lugar neste ou em qualquer outro mundo. É que me inspiram tão pouca confiança as convenções sociais, me soam tão superficiais os procedimentos humanos modernos para a obtenção da tão sonhada aceitação! Como também absurdos os fins almejados pela laia insana, conformados entre o paradoxo desta aceitação e seus objetivos tão mesquinhos e individuais.
É isto! O ser humano deixou de ser... humano. E esta fatalidade ocorreu, como ocorre, no momento mesmo em que deixou de lado o princípio da dignidade humana. Tudo que está fora da noção primordial e ordinária do conceito do que seja dignidade humana é irracional e, portanto, inexplicável. Ora, se somos seres racionais, claro que totalmente sem explicação são as mentiras e violências perpetradas e perpetuadas desde tempos imemoriais, independentemente da forma. E sinto ódio de mentiras e violência! Porque são o descaminho da humanidade. Ou seu caminho inverso.
Assim, se comportar como mais um grande egoísta, cavalo atrelado, incapaz de olhar para os lados e perceber como tudo anda errado? Como a mentira tomou o lugar da verdade, como o eu tomou a condição primária e essencial do nós?

Sim, é a partir do fundo do poço que temos a melhor visão da nossa vida e do que estamos fazendo dela. É de muito baixo que se vislumbra o alto. E é a partir desta visão que temos a oportunidade de mudar. Porém, primeiramente, devemos aceitar a condição de corpo jogado ao poço! Precisamos aceitar que fomos em sentido contrário, cada vez mais para o fundo. Mas esta não é a natureza humana adotada. Orgulhosa por si só, - já que orgulhosa contra quem? -, não percebe a fina e residual camada da realidade, imposta sempre em desfavor da verdade sempre presente.

Mas era imperioso escrever. E apesar da velha máquina sobre a mesa empoeirada pelo tempo do desuso e as folhas amareladas pela ação do tempo inexorável, era imperioso escrever. A porta do cômodo, entreaberta, deixava o antigo ar impregnar-se do novo ar. Podia-se até mesmo ver as partículas de poeira marron-acinzentadas, densas como flocos de memórias soltas, misturando-se às novas nuances do moderno, às memórias recentes, diria até imediatas. Pois que o próximo segundo deixa marcado o segundo anterior com o rótulo de... passado! E o passado recente se misturava ao passado passado, numa torrente cada vez maior de segundos se transformando em minutos e em horas. Mas ainda não era a hora de entrar lá.



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