O Poderoso instinto da Procriação
(internet depoimento duma mamã)
O poderoso instinto da procriação Depois da Laura nascer, comecei a sonhar coisas estranhas, relacionadas com crianças, que estava grávida de novo, que ia ter gémeos, filhos sem planeamento que "apareciam" sem nexo. Vários sonhos estranhos ocorreram. Não conseguia entender dentro de mim, o que isto significava, até que me "saltou" à vista. Quando engravidei da Laura, já tinha a noção de que seria a última vez. A minha idade biológica (34 anos) não me vai permitir ter filhos em segurança dentro de 3 ou 4 anos, partindo do pressuposto que me vou esquecer rapidamente do quanto custa noites mal dormidas....depois há o infernal e penoso aspecto financeiro que, infelizmente, dita as linhas com que nos cosemos. Mal tenho dinheiro para o Infantário dos dois, quanto mais de três... Quando me perguntavam, respondia com aquela ladaínha: "Não, um casalinho é perfeito" ou "Já fechei a loja". Quando a Laura nasceu esta decisão tomou corpo, peso, assumiu-se como irrefutável...e eu, olhando a bebé mais linda do Mundo, nem me atrevo a pensar - apenas a sentir - como seria o rosto do meu terceiro filho, cujo óvulo de origem nunca será fecundado, como seria ter mais um ser maravilhoso a encher-me o coração de alegria e amor, ampliando ainda mais as divisórias do meu coração. .. Então, cheguei à conclusão que os meus estranhos sonhos eram, nada mais do que um desesperado adeus inconsciente, àquilo que eu já conscientemente decidi. A minha forma, mui íntima, de fazer um luto pelo enterro do instinto de procriação. Não será o mais visceral ou poderoso. O instinto de sobrevivência será mais. Mas não será o da procriação uma extensão do instinto de sobrevivência, uma forma de nos perpetuarmos? A verdadeira forma de imortalidade. Custa-me pensar que, se tivesse permanecido na minha obstinada recusa em trazer uma criança a este Mundo terrível, o Rafael e a Laura nunca teriam nascido. Não existiam e eu não saberia o que estava a perder. Agora que sei, custa-me ainda mais abdicar. Abdicar, não da certeza de querer outro filho, mas da possibilidade de o ter. E "fechar a loja" parece-me demasiado peremptório e definitivo. Doloroso, até.
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