Resumo de Hostel II - Eli Roth; Q. Tarantino

Não vi o primeiro, mas vi este. Não conhecia até hoje, Eli Roth (ao que parece, aluno de Tarantino) nem sabia do que era capaz. Hostel II é um verdadeiro horror. Incluído no género "Grindhouse", reune um quase desconhecido com um dos realizadores mais criativos dos nossos tempos: Quentin Tarantino.Se o resumo fosse para descrever a série de horrores a que assistimos, então mais valia ficar por aqui. No entanto, há mais para dizer. Realmente, Roth pode até ter um perfil psicológico muito proximo do serial killer, mas se fosse só isso, o filme não seria belo, envolvente, assustadoramente preverso e até realista. Não estaremos nós já na eminência de, com os bolsos, as contas na Suiça e nas ilhas Caimans tão recheados de dinheiro, mais as casas em todo o mundo e os negócios mais rentáveis, estarmos fartos de ganhar, e no entanto, o vazio persistir e a falta de qualquer coisa permanecer?Não estaremos realmente já fartos de experimentar toda a inovação da estética à procura da tonicidade dos vinte anos? Não estaremos já cansados de pagar para sermos conhecidos e recebermos favores?Será que nos perguntamos vezes suficientes qual a razão de termos perdido a cumplicidade com o nosso companheiro para a vida?O que nos resta, então fazer quando a vida passa minuto a minuto, hora a hora, dia a dia, sem um acontecimento realmente preenchedor e gratificante?Em Hostel II, indíviduos com dúvidas como estas (ou talves, não), fazem parte de um cartel, de uma máfia com localização física algures na Eslováquia, e pagam muito bem para... conquistarem respeito. A caça era, em tempos, uma forma de sobrevivência das espécies. Gradualmente, tornou-se num desafio para quem não precisava de caçar, um desporto, uma forma de ganhar troféus e ... o respeito dos semelhantes. E, se caçar animais se torna, entretanto, pouco desafiador (já tanta gente faz) e estimulante? Compramos a possibilidade de ter uma presa humana à nossa mercê.Realmente, não somos todos iguais. Temos vidas, oportunidades e circunstâncias diferentes para usufruir. Para além da trama bem conseguida, da história envolvente e das imagens, algumas vezes, belas, este filme choca pela brutalidade, pela carnificina e pelo horror da fragilidade humana. No entanto, faz pensar no que nos estamos a tornar. Se pagamos para conquistar respeito no olhar de alguém que sabe que a vamos matar, pelo prazer de matar. O que fazemos se a coragem afinal nos falta, na hora do golpe final?Resta-nos morrer para a vida. Ou já não estaremos mortos há muito?

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