O Tesouro
(Eça de Queirós)
Rui, Guanes e Rostabal são três irmãos pobres e esfomeados, tornados traiçoeiros e agressivos por causa da miséria. Um dia, os três estão caçando na mata de Roquelanes quando encontram, atrás de uma moita de espinhos, dentro da cova de uma rocha, um velho cofre de ferro com três fechaduras. Dentro do cofre, um tesouro em dobrões de ouro.
Depois das comemorações, vem a desconfiança. Guanes e Rostabal quase se atacam, com punhais em punho, mas Rui diz que o tesouro deve ser dividido igualmente entre os três, depois de pesado cuidadosamente em balanças. Os outros dois concordam, mas não têm coragem de se afastar do cofre. Guanes observa que há três fechaduras e combinam de trancar o tesouro e levar, cada um, uma chave.
Assim fazem os três, partindo em seguida em direção à cidade de Medranhos, para buscar as balanças. No caminho, param para descansar. Rostabal vai até um vilarejo e compra pão, queijo e vinho para comemorarem a sorte. Quando volta, Guanes está adormecido. Rui e Rostabal comentam que, se o irmão tivesse ficado na cidade, só eles teriam achado o tesouro. Além disso, concordam que, se Guanes tivesse passado por ali sozinho, teria ficado com todo o ouro só para ele.
Rui e Rostabal decidem matar o irmão adormecido para dividir o tesouro apenas entre eles. Assim fazem, roubando a chave do irmão morto e retomando, em seguida, seu caminho em direção à cidade de Medranhos. Quando passam perto de uma fonte, Rostabal pára para beber água. Rui aproveita o momento e trespassa-o com a espada.
Depois do assassinato, Rui parte satisfeito, carregando as três chaves do cofre. Volta à moita de espinhos e enche seus alforjes com todo o ouro. Pouco depois, sentado sobre a relva, ele comemorava sua nova fortuna. Tira da sela do cavalo as provisões e decide fazer um banquete. Come pão, queijo e bebe vinho.
Depois, quando vai colocar os alforjes cheios de ouro na sela, Rui sente uma tontura. Logo entende o que ocorrera. Ao ir ao vilarejo comprar mantimentos, Rostabal tinha comprado também veneno. Rui cai morto, enterrando a cara na poeira.
O tesouro ainda lá está, na mata de Roquelanes.
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