Aos 40
(Wallygator)
Ao que parece, quando um homem chega aos quarenta anos ele sente um baque, não somente ao número redondo e sinônimo de que estamos a entrar numa fase de vida que poderíamos caracterizar como a de ser um senhor, um senhor de meia idade, bem entendido, mas é uma virada simbólica, e tenho presenciado em inúmeros relatos que muitos estão passando por fases complicadas justamente nesta fase da vida em deveríamos estar mais calmos e tranquilos. Mas parece que a máxima de que "a vida começa aos quarenta" começa a fazer sentido, pois parece que tudo conspira para que mudanças aconteçam, seja de que forma for, voluntária ou não. Para as mulheres, pelo que podemos constatar acontece também um processo de transformação, não só física via climatério, mas de ordem moral e cívica, pois a moral e o civismo são colocados em xeque, e a chamada Idade da Loba está presente no subconsciente masculino como a mostrar que "panela velha é que faz comida boa". Mas o homem de quarenta, apesar de mostrar-se mais experiente, mais confiante em seu taco, mais sabedor das malícias do mundo, ele está, por incrível que pareça, a um passo do cadafalso, ou pelo menos sente esta sensação de que está para cair num poço sem fundo. O que acontece depois que passamos por esta fase crítica de nossas vidas? Por enquanto só posso supor que aos cinqüenta a batatinha que estava assando queimou por inteiro, e a queda que vinha sendo feita de modo tênue, agora ganha contornos de montanha-russa, e aos cinqüenta o homem que não aproveitou a década que passou em termos de aproveitar a vida com uma companheira ao lado, agora corre o risco, aos 50, de ver seu íntimo sendo vasculhado, pois está na hora de, pela primeira vez na vida, por uma questão de saúde, ao acompanhar o desenvolvimento daquela que é a glândula sinônimo de sua masculinidade - a próstrata - ele se ver em mares nunca dantes navegados.
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