BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Encontro da Quinina
(Milton Silverman ; Trad.Monteiro Lobato)

Publicidade
O isolamento da Quinina
Fazem mais de 300 anos que a condessa de Chinchon introduziu na Europa o remédio contra a malária. Era o primeiro específico jamais descoberto contra qualquer doença O primeiro carregamento vindo do Peru foi vendido por valor maior que o seu peso em ouro. Em meados do século XVIII, uns tantos pesquisadores europeus começaram a atentar na Chinchona. Muito interessante foi para a ciência saber o que os homens simples, na pratica, sabiam distinguir entre a Chinchona pura e a adulterada. Dois jovens químicos de Paris, Pierre Joseph Pelletier, rapaz de 29 anos, filho de farmacêutico e já professor na Escola de Farmácia, e Joseph Bienaimé Caventou, estudante de farmácia com 24 anos, reuniram-se pela primeira vez em 1817, ano em que apareceu o relatório de Sertuerner sobre a morfina, devorado com avidez pelos jovens cientistas. - O método deste homem é admirável, disse Pelletier. É simples e eficientíssimo. Se por este processo ele encontrou a morfina no ópio, talvez possamos encontrar outros princípios ativos em outras plantas e começou os estudos com a ipeca. Depois se voltaram para a venenosa Strychnos ou noz vômica e dessa planta extraiam um poderoso veneno que causava a morte depois de convulsões, espasmos, espuma na boca, o terrível rictus sardonico, "riso sardonico", provem da Sardenha, pátria da strychnos. Vanquelin podia não gostar de ver o seu nome ligado a um tão cruel veneno, e o nome adotado foi o de strychnine, ou estriquinina. As experiências de laboratórios mostravam que tanto a emetina como a estriquinina assemelhavam-se á morfina de Sertuerner. Atuavam como álcalis, reagiam como álcalis, tinham todas as propriedades dos álcalis, embora não tivessem a fórmula dos álcalis. Pelletier disse: "Estes novos alcalóides, são muito interessantes mas, de pouca utilidade. Que valor comercial podem ter? A estriquinina, a bruxina, a veratina e o resto não passam de curiosidades científicas, sem interesse para ninguém precisamos descobrir coisas mais preciosas". Caventou era colaborador de Pelletier naqueles trabalhos, porém seguia as lições do professor Thénard e lembrou: " O professor pediu-me ontem que preparasse um extrato de Chinchona para demonstração na aula, e meu extrato me pareceu extremamente alcalino...” - Pierre preciso começar imediatamente a estudar a Chinchona!... Pelletier franziu a testa. - Por que precisamos estudar a Chinchona? - Porque é a mais importante das drogas, respondeu Caventou. Cura a malária, uma doença que mata milhares de pessoas. - Bem, disse Pelletier, se é essa a razão, nesse caso temos de nos voltar para a tuberculose ou a peste, que mata mais gente, mata muito mais milhões. Caventou não se deu por vencido. - Pode ser verdade, mas a Chinchona cura a malária. E na Chinchona há um alcalóide... - Espere! gritou Pelletier. Quem disse que há um alcalóide na Chichona? Onde ouviu isso? - De monsieur Labillardiere, no laboratório de Thénard. É um dos seus assistentes disse-me esta manhã que havia preparado um extrato de Chinchona e o gosto era alcalino. .. - Gosto alcalino? Isso não quer dizer nada. Talvez alguma impureza, um pouco de potassa ou soda. Esse gosto não prova que na Chinchona haja alcalóide, mas... Joseph, meu amigo, vamos ler o que há a respeito da Chinchona. Vários estudiosos já tinham encontrado na casca da Chinchona certos produtos químicos, nenhum dos quais, porém, curava a malária, nem parecia alcalóide. O trabalho que a Sertuerner custara anos, aos dois franceses só tomou dias. Extraíram por meio do álcool o suco da Chinchona, adicionaram um pouco d'água e em seguida potassa, e nessa solução viram formar-se aglomerados de cristais brancos que, redissolvidos e novamente precipitados, deram um produto branco e brilhante. E os dois experimentadores tiveram a intuição de que ali estava um puro alcalóide, o específico da malária! Mas erraram. Se eles tivessem parado naquele ponto teriam alcançado apenas um dos componentes da Chinchona, sforça para a cura da malária. Caventou, entretanto, salvou tudo. - Espere, disse ele, vamos trabalhar mais um pouco antes de preparar a comunicação. A nossa experiência foi feita com a casca parda; façamos a mesma coisa com a casca amarela. Preste atenção. Eu disse que extraímos o alcalóide da casca escura, está ouvindo? - Continue. - Mas a casca escura é pobre, a amarela é que é a boa. E que sabemos nós da casca amarela? - Nada, está claro, porque não a estudamos! - Pois é isso! É isso que estou insistindo: precisamos estudar a casca amarela. E a nova experiência começou. Com a melhor casca amarela existente no mercado repetiram a experiência com grande rigor, e nada de obterem cristais brancos, nada senão um precipitado pegajoso, uma espécie de goma que não se cristalizava de maneira nenhuma. Produto amargo e solúvel em ácidos e no álcool, e, ao contrário do primeiro, solúvel também no éter. Evidentemente era uma coisa nova. A descoberta foi descrita em 1820, tempo em que Pelletier estava com 32 anos e Caventou com 27; e ao novo alcalóide deram um nome tirado da denominação peruana da Chinchona:quinina. Estava alí o específico da malária! Não tinham os dois farmacêuticos, no começo, nenhuma certeza disso. Encontrava-se com dois produtos diferentes, a serem experimentados no organismo humano. E concluíram a comunicação manifestando a esperança de que algum médico, fizesse as indispensáveis aplicações em seus doentes. Tais provas não tardaram a ser feitas, e o resultado foi que se os primeiros cristais eram inócuos, o segundo produto, a quinina, produzia efeitos notáveis.



Resumos Relacionados


- Princípium Somniferum

- Caos No Sangue , MalÁria

- A Descoberta Da Aspirina

- Vacina Contra A Malária

- Malária



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia