Um Susto
(Artur Azevedo)
O narrador encontra seu amigo Bráulio “triste como a chuva”. Descobre que ele acabara de perder o emprego de escrivão porque corrigira o patrão, escrevendo a palavra harmonia com o devido “h”. O patrão, vaidoso, ofendeu-se com a correção ortográfica. Brigaram e, por causa daquele “h” mudo, Bráulio estava de novo desempregado, na rua da amargura. O narrador oferece ajuda e, sem cerimônia, Braúlio convida-se para morar com ele no quarto que aluga na pensão de dona Emerenciana.
Poucos dias depois de ter se tornado um folgado hóspede do narrador, Bráulio continua desempregado e, dramático como sempre, diz que vai se matar. O narrador tenta animá-lo, mas Bráulio confessa que, além do desemprego, encontrou outro motivo para querer fugir da vida: Dona Emerenciana. O narrador julga que Bráulio enlouqueceu, mas o protagonista jura que nutre pela viúva, bem mais velha do que eles, uma sincera paixão. Conta que se declarou e que dona Emerenciana, assustada, foi veemente em recusar os seus encantos. Bráulio ameaçou que se suicidaria e, como resposta, a viúva entregou-lhe um magnífico revólver do falecido marido, cromado e com cabo de madrepérola. Agora, só lhe restava estourar os miolos.
O narrador julga que Bráulio só está fazendo cena como sempre. Diz que não tem tempo para asneiras e vai embora. Quando volta para a pensão, à noite, encontra a casa toda iluminada. Dona Emerenciana, na janela, grita pelo narrador, agitada. Assustadíssimo, o narrador acha que Bráulio cumpriu sua promessa e se matou.
Ao entrar no quarto, o susto maior: Bráulio está caído no chão, sobre o que parece ser uma poça de sangue. Só que o narrador logo descobre que o final dessa história não é trágico, mas cômico. Bráulio tinha passado a tarde no bar, embebedando-se. Depois, quando já estava bem ébrio, voltou à pensão e agarrou Dona Emerenciana à força. Ela conseguiu se safar e fugiu para seu quarto, colocando-se à janela para esperar que passasse a guarda. Enquanto isso, Bráulio trancou-se em seu próprio quarto. Tentou beber mais uma garrafa de vinho, mas despencou no chão, quebrando a garrafa. O vinho tinto era a poça de sangue. Agora... se Bráulio estava desempregado, com que dinheiro comprara toda aquela bebida? A resposta é simples: colocando no prego o magnífico revólver cromado e com cabo de madrepérola do falecido marido da viúva.
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