Cosme ou Damião
(Francisco Marins)
O triste e sofrido capitão Peixoto chega a um pequeno vilarejo no interior de São Paulo, incumbido de escoltar para a capital alguns convocados para a Revolução de 32. Dois soldados o acompanham.
A pequena vila possui uma divertida peculiaridade: todos os moradores são conhecidos por apelidos esdrúxulos: Sebastião Tutu, Turco Caolho, Chupim, Zé Carrapato, Pé Redondo e assim por diante.
Amargurado com as lembranças de Joana, um antigo amor perdido, Peixoto e seus soldados acampam na cadeia abandonada da cidade. Não podem partir até encontrar os cidadãos citados na lista de convocação.
Durante a noite, embriagado de cachaça e dominado por um sonho delirante, Peixoto julga ver Joana voltando, trazendo pela mão a filhinha que ele jamais conheceu. Peixoto agarra sua amada. Na verdade, ele estupra a mulher do único prisioneiro que resta na cadeia. Comete este crime, sem ter consciência do que está fazendo. No dia seguinte, continua achando que sonhou ou que viu o espectro de Joana (que talvez já esteja morta). O prisioneiro é libertado e jura se vingar de Peixoto.
Peixoto logo descobre que quatro dos cinco nomes de sua lista não podem ser encontrados. Um morreu e os outros partiram para longe, para outros estados do Brasil. Mas um dos homens listados continua na cidade: um certo Cavalieri.
Peixoto descobre que os Cavalieri são dois gêmeos idênticos, chamados Cosme e Damião. Damião é casado e tem filhos e Cosme é apenas noivo. Portanto, mais solto na vida. Peixoto comete um engano. Certo de que o convocado é o solteiro Cosme, obriga-o a acompanhá-lo para a guerra. Tempos depois, quando volta à cidade para anunciar que Cosme morrera, Peixoto descobre o erro. O verdadeiro convocado tinha sido Damião, o irmão casado.
Peixoto resolve esconder o engano de todos. Se contasse a verdade, mancharia sua ficha militar tão limpa. Além do mais, Peixoto acha que Damião, o irmão com filhos, merecia mais do que o outro continuar com vida. Só quem não concorda com essa teoria é a noiva de Cosme. Enquanto Peixoto vai deixando a cidade em seu cavalo, ela grita de uma janela, amaldiçoando o soldado que tinha levado à morte o seu amor. Em seguida, Peixoto quase é atingido por um tiro. Trata-se do marido da mulher que estuprou, o prisioneiro libertado após aquela noite de delírio.
Escapando da morte por pouco, Peixoto fuge para nunca mais voltar.
Resumos Relacionados
- Cemitério De Pianos
- CemitÉrio De Pianos
- Escritor Renato De Alencar ( Biografia)
- O Espaco Geografico
- Mega Arquivo
|
|