Os Irmãos Córsicos
(Alexandre Dumas)
Viajando pela Córsega, em 1841, Alexandre Dumas e seu guia foram hospedados na propriedade da rica e elegante Madame Savilia de Franchi, admiradora do escritor. Dumas foi acomodado no quarto de um dos filhos da proprietária, Louis, que no momento estava morando em Paris. Alguns minutos depois, chegou Lucien, o outro filho.
Jovem expansivo e simpático, Lucien rapidamente ficou amigo de Dumas. O escritor soube que os irmãos Lucien e Louis exemplificavam um caso raro na ciência. Idênticos em aparência, mas opostos em temperamento (Lucien extrovertido, Louis estudioso e retraído), os dois tinham nascido grudados um ao outro e tiveram que ser separados numa cirurgia.
Lucien mostrou seu quarto a Dumas e, orgulhoso, exibiu duas pistolas de prata antigas, marcadas com as iniciais de seu pai e sua mãe. Quando os dois homens se reuniram à Madame de Franchi, ela pediu, ansiosa, que Lucien lhe desse notícias sobre Louis. Dumas estranhou o pedido, sendo que Louis estava distante, em Paris. Mãe e filho esclareceram que, por causa da ligação física que apresentavam ao nascer, Lucien e Louis tinham mantido uma ligação psíquica, sensorial. Um experimentava as mesmas sensações que o outro, mesmo à grande distância.
Lucien contou que vinha se sentindo melancólico nos últimos dias e que, assim, tinha certeza de que o irmão enfrentava problemas. Felizmente, ele sabia que Louis não estava morto porque, se estivesse, ele teria tido sem dúvida algum sonho ou premonição sobre a morte de seu gêmeo.
Durante o jantar, Lucien contou que tinha sido escolhido para servir de mediador numa disputa entre duas famílias da região: os Orlandi e os Colonna. Naquela noite, ele encontraria os chefes dos dois clãs para tentar reconciliá-los. Dumas ficou feliz ao ser convidado para um encontro tão aventuresco. À meia-noite, eles subiram uma colina e chegaram às ruínas de uma velha mansão. Lucien contou que aquele lugar pertencera a uma ancestral dos de Franchi. Essa mulher iniciou uma disputa com uma família da região, os Guidice, e a briga durou quatrocentos anos, só terminando quando seus pais mataram simultaneamente dois irmãos, os últimos inimigos hereditários. As pistolas de prata com as iniciais, no quarto de Lucien, eram uma lembrança do fato.
A reunião com as famílias inimigas começou logo depois e, após alguma discussão, o líder dos Orlandi concordou em assinar um tratado de paz com os Colonna no dia seguinte, na propriedade dos de Franchi. Houve então uma grande festa para comemorar a paz.
À tarde, Dumas foi forçado a voltar para Paris. Lucien presenteou-o com uma adaga, como símbolo de amizade, e Madame de Franchi pediu que o escritor levasse uma carta para seu filho ausente. Assim que chegou em Paris, Dumas procurou Louis e ficou impressionado com a semelhança entre os irmãos. Questionado por Dumas, o romântico e retraído Louis assumiu que vinha atravessando uma fase de angústia. Um capitão de navio, seu amigo, partira numa longa viagem e pedira que Louis cuidasse de sua esposa, Emelie, enquanto estivesse ausente. O problema é que Louis apaixonou-se pela moça e, por questões morais, lutava para não se entregar à paixão proibida.
Louis e o escritor encontraram-se já no dia seguinte, em um jantar oferecido por um conhecido em comum, o Sr. D. Um dos convidados do jantar, o presunçoso Chateau-Renaud, tinha feito uma aposta com os amigos de que traria uma mulher casada como sua acompanhante. Todos esperavam sua chegada e Louis sentiu-se chocado quando viu que o objeto da aposta era ninguém menos do que sua amada Emelie. Os dois homens brigaram e Emelie, ofendida e envergonhada, pediu que Louis a acompanhasse a sua casa. O jovem concordou e Chateau-Renaud, considerando-se insultado, desafiou Louis para um duelo.
Preocupado, Dumas concordou em ser testemunha de Louis no duelo. O rapaz escreveu uma carta para o irmão e a mãe, mentindo que estava muito doente. Era uma forma de impedir, caso morresse, que seu irmão viesse para se vingar. Dumas jurou que, se ocorresse uma fatalidade, enviaria a carta.
No duelo, o jovem Louis foi morto. A bala atingiu-o sob a sexta costela e saiu do outro lado do corpo, na coxa. Dumas cumpriu o que prometera e mandou a carta com a falsa história da doença. Apenas cinco dias depois, o escritor ficou surpreso ao receber a visita de Lucien, que ainda não podia ter sabido do que ocorrera. Louis contou que caíra de um cavalo no exato momento em que seu irmão morrera. Mostrou então uma marca vermelha e inflamada bem debaixo de sua sexta costela, o que deixou Dumas assombrado.
Dois dias depois, Lucien matou Chateau-Renaud num duelo realizado no mesmo lugar do anterior. Assim que o vilão desabou ao chão, Lucien derramou as primeiras lágrimas desde a morte do irmão.
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