Brás, Bexiga e Barra Funda
(Antônio Alcântara Machado)
Brás, Bexiga e Barra Funda retrata a história dos primeiros imigrantes italianos, que chegaram no final do século XIX ao Brasil para substituir os negros na lavoura. Esses imigrantes instalaram-se primeiramente nestes três bairros que até hoje são conhecidos como locais que carregam a tradição italiana, facilmente percebida, principalmente pela fala peculiar de seus moradores: o português macarrônico. Mostrando a vida desses personagens, a obra moderna enfatiza a década de 20, numa narrativa que mistura ambientes reais e personagens fictícios.O livro é uma coletânea de contos narrados em linguagem dinâmica e bastante visual. Antônio de Alcântara Machado, consegue transcrever para o papel o linguajar tão peculiar dos imigrantes que "bambeiam" entre as duas línguas. Uma análise crítica da obra nos apontaria uma visão elitista dos imigrantes. Antônio de Alcântara Machado parece não simpatizar com os italianos do Brás, Bexiga e Barra Funda, pois satiriza o imigrante no seu livro de 1927, não fazendo um retrato real, justo. Diz-se que ele bateu e soprou; bateu com os contos, soprou com a dedicatória. A sua visão do imigrante era a do paulistano quatrocentão, elitista e algumas vezes preconceituosa contra os bárbaros peninsulares invasores da Plácida Paulistânia. No texto os personagens são todos, com exceção das crianças, desonestos, oportunistas, grosseiros, violentos, aproveitadores. Não há sequer uma pessoa generosa, solidária, bondosa, afetuosa. Carmela, uma personagem interesseira que trai seu companheiro Ângelo com um o paquerador rico. Para Carmela o relacionamento com Ângelo seria outra coisa, seria para casar. Ainda no desenvolver da narrativa, o violento Nicolino esfaqueia Grazia e a violenta mãe de Lisetta dá uma surra de quase matar a filhinha porque esta queria um ursinho igual ao da "riquinha" que viu no bonde; o nacionalista Aristodemo Guggiani mete o braço no alemão que desdenha do Hino do Brasil. O oportunista Salvatore Melli oferece sociedade ao conselheiro Bonifácio, apenas por este ser dono de terras vizinhas da sua fábrica, onde pretende construir vilas e ganhar um dinheirão vendendo-as para os operários. A interesseira Miquelina passa de Biagio para Rocco e de Rocco para Biagio conforme a maré do sucesso. O corrupto casal Pienotto mancomuna-se com um funcionário da Comissão de Abastecimento para obter informações privilegiadas sobre uma próxima escassez de cebola e depois engana o português do outro lado da rua. O grosso Giuseppe Santini escarra no chão. Até o jornal dos italianos, o Fanfulla, aparece mal: "Tu é ingênuo, rapaz. Não conhece a podridão da nossa imprensa". Não por acaso.
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