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Os Desastres de Sofia
(Clarice Lispector)

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A menina gostava do professor que era gordo, grande, silencioso e feio. Ela era extremamente atraída por ele, mas infernizava as aulas, tudo para chamar-lhe à atenção. A menina fazia este jogo: amava-o e o atormentava. Não estudava, tampouco aprendia. Certo dia, o professor deu como tema de redação uma história em que um homem pobre saia atrás de um tesouro e não o encontrou. Então, esse homem volta para sua casinha e começa a plantar no seu diminuto quintal. Tanto plantou, tanto colheu, tanto vendeu, que um dia acabou ficando rico. A menina fez uma redação rapidamente, pois estava doída para ir correr no pátio do colégio que era enorme e cheio de árvores. No final da composição, a menina havia tirado uma lição de moral totalmente oposta ao espírito da história que era: há um tesouro disfarçado, que está onde menos se espera. Entregou logo o caderno para o professor e foi correr no pátio. Certo tempo depois, ela lembrou-se de ir procurar algo que estava na sala. Lá encontrou o professor sozinho. Pela primeira vez, a menina ficara frente a frente com seu professor. Paralisada de medo e de confusão nos seus sentimentos entrou. Logo o professor mandou que ela apanhasse o caderno, mas a pobre menina não conseguiu, tamanha foi a sua perturbação. Pela primeira vez, ele riu e disse que ela era engraçada e um tanto doidinha. Queria saber ainda de onde havia tirado aquela idéia de tesouro disfarçado? O professor elogiara a redação dizendo que estava bonita. A menina teve a sensação de ele ter-se deixado enganar: havia acreditado nela. A menina, então, logo concluíra: um homem adulto acreditava, também como ela, nas grandes mentiras. Sem pegar o caderno, a menina voltou correndo para o recreio e correu tanto no parque até ficar exausta. Era uma maneira quase desesperada de se defrontar com a perturbação que a tomou conta. Naquele momento, perdeu a fé nos adultos, pois acreditava na sua futura bondade, superando a fase má típica da infância. No entanto, o amargo ídolo havia caído na armadilha de uma criança "danadinha", confusa, sem candura; deixara-se guiar pela sua diabólica inocência... Quem sabe ele estaria pensando que ela era um tesouro disfarçado? "O professor agora destruía meu amor por ele e por mim, pensara a menina desolada. Aquele homem também era eu. A menina foi subitamente forçada a amadurecer, a descobrir que ela conseguira atingir o coração do professor. Ao final do conto a narradora afirma que foi assim que no grande parque do colégio lentamente começa a aprender a ser amada, suportando o sacrifício de não merecer, mas apenas para suavizar a dor de quem ama.



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