Macacos
(Clarice Lispector)
Perto do Ano-Novo, a família ganhou um mico de presente. Era um macacão ainda não crescido, que não dava sossego a ninguém. A dona da casa-narradora estava exausta. Uma amiga entendeu o sofrimento dela e chamou uns meninos do morro. Eles levaram o macaco. Um ano depois, a narradora comprou uma macaquinha nas mãos de um vendedor em Copacabana. Era delicada e recebeu o nome de Lisette. Vestiram-na de mulher e ela encantava a todos. Três dias depois, Lisette estava na área de serviço sendo admirada pela família. Ela encantava sobretudo pela doçura. Só que não era doçura, era a morte chegando. Levaram-na rapidamente para o veterinário, enfrentando um trânsito difícil. Ela estava tendo falta de oxigênio. Deixaram-na na clínica. No dia seguinte, morreu. Uma semana depois, o filho mais velho disse para a mãe: "Você parece tanto com Lisette! ‘Eu também gosto de você’, respondi."
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