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Dedos no Coração
(Milton Silverman/ Trad. Monteiro Lobato)

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Dedos no Coração Por toda a Europa ocidental os botânicos a conheciam muito bem uma planta de porte ereto e flores em forma de campainha. Os escoceses a chamavam de “dedos sangrentos” ou “campainha de defunto”. Para os noruegueses ela era conhecida como “campainha de raposa”. Na frança, “Luva de Nossa Senhora” ou “Dedos de Virgem”. Para os alemães, “Capuz de dedo” ou “Dedaleira”, assim a história que vamos contar é da Digitalis. “A luva-de-Raposa”, escreveu o erbalista William Salmon, “é quente e seca, sulfurosa e salina, aperitiva, abstersiva, adstringente, digestiva e vulnerária, peitoral, hepática, artrítica, emética e catártica...”!Cura a tísica, mas tem que ser usada com muita cautela porque produz fraqueza, induz vômitos e purgas. Limpa o corpo de alto a baixo e por esta razão elimina os humores. Este remédio, quando não cura, alivia os doentes acima de todas as expectativas. Abre a respiração e os pulmões, liberta-os da flegma, limpa a ulcera e cura. Graças as ardorosa defesa de Salmon, a digitalis abriu caminho no campo da ciência. Médicos que até então haviam desprezado a planta, passaram a receitar cozimentos das folhas, flores e raízes. Até que na cidade de Orleans, um cientista francês, depois da visita a um galinheiro, arruinou completamente a reputação da digitalis. O Dr. Salene, ouvira falar dum peru que morrera em conseqüência da ingestão da folha de digitalis, e resolveu tirar a prova em seu galinheiro. Para tirar a sua prova empanturraram á força dois perus de seu galinheiro com folhas de digitalis. Quatro horas depois os perus pareciam bêbados, mal podendo manter-se em pé. A aplicação da digitalis continuou por uns dias e as pobres aves foram definhando. Quando morreram e foram abertas, o interior estava seco como se houvessem passado por uma estufa; pulmões, coração, fígado, estomago e bexiga tudo dessecado. Por causa disso, uma alarmante comunicação foi enviada a Academia de Ciências de Paris, e a novidade se espalhou por toda a Europa. No século XVIII William Whithering, resolveu atender ao pedido de uma consulente de Shropshire e verificar, se a afirmativa popular de que a hidropsia era curada com “Campainha de raposa” tinha fundamento ou não. A velha Digitalis! Uma planta da família da Beladona ou do tabaco. Deve exercer forte efeito no corpo. Cura Hidropisia? Vou dá-la ao velho Nichols para ver o que acontece. Ele está cheio de água perto do fim mesmo, pensou o médico. Mas quanto devo dar, e como? A Digitalis agiu prontamente. Com poucas doses de folhas maceradas em água vários doentes “secaram”. Uma drenagem perfeita, do peito, dos rins, do ventre! Efeito realmente mágico, mas, a cura era irregular. Withering não sabia como prescrever a digitalis. Dar um grão, uma onça, uma libra? Quente ou fria? Duas, três ou quatro vezes por dia? Antes ou depois das refeições? Por quanto tempo? E os efeitos imediatos da digitalis eram aterrorizantes. Às vezes fracos, mas muitas vezes violentíssimos, com vômitos, desarranjo intestinal, dor de cabeça, manchas na vista e outros sintomas de alarmar. Em 1775 Withering foi nomeado médico do General Hospital de Birmingham a maior cidade inglesa depois de Londres.e graças a um árduo trabalho tornou-se muito popular. Apesar da sua popularidade levou anos para perceber que a questão era o complicadíssimo problema da dosagem. Mas como acertar esse limite? E resolveu: - Meu sistema está sendo começo em cada caso com uma dose muito pequena e vou aumentando-a até obter vômitos e desarranjo intestinal- e assim descubro o limite de cada doente. E daí por diante o que tenho a fazer é ficar em doses levemente abaixo desse limite. E a hidropisia vai-se embora. Já se haviam passado quatro anos de experimentos em seus pacientes e Withering ainda não estava suficientemente seguro para apresentar uma comunicação científica, mas deixou que um amigo levasse o caso à importante Sociedade de Medicina de Edimburgo. Os médicos escoceses admiraram-se dos novos milagres da planta, aplaudiram o colega de Birmingham e planejaram restaurar a digitalis na farmacopéia de Edimburgo. O número de hidrópicos curados aumentou. Foi quando Withering descobriu que outro medico andava procurando reclamar para si a gloria daquele triunfo. E para sua total surpresa o homem que tanto o ajudara até ali, Dr Erasmus Darwin era o reclamante. No folheto publicado pelo Dr Darwin aparecia em escrito a primeira menção das curas da hidropisia pela digitalis, e o primeiro nome da lista era o do tal hidrópico desenganada pela Dr. Erasmus e que ele salvara. Durante meses Withering viveu esmagado pelo incompreensível procedimento do seu colega, mas continuou a acumular mais dados sobre o assunto e a tratar de novos doentes. Isso, com a continuação dos seus estudos mineralógicos e de botânica geral. Sua tosse não passava, antes se agravava, e por fim ele próprio se declarou tuberculoso. Em 1785, aos 44 anos, já com dez de observação da digitalis, achou que era tempo de publicar as suas conclusões. E fez publicar sob o titulo de “Notícias sobre a Luva–de-raposa e alguns dos seus Usos Médicos”, com observações praticas sobre a hidropísia e outras doenças. Graças a este estudo o autor deixou claro que a digitalis tinha o poder de ativar o coração em grau nunca observado com nenhum outro medicamento, porém era de ação nula na tuberculose. Este mesmo médico deixou muito claro que a digitalis quando usada com discernimento, isto é, com as dosagens bem calculadas para cada caso individual.



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