A sensação de pernas cansadas pode ser uma patologia crónica
(Tiago Mota)
A sensação de pernas cansadas pode ser o resultado de um, ou da combinação dos mais variados factores. Como tal, «a adequação e eficácia do tratamento dependem de um diagnóstico apurado caso a caso. Por exemplo, se o doente, para além de cansaço, se queixa também de dor que o obrigue a parar, é muito provável que estejamos perante um problema das artérias e não das veias», explica Luís Rosa Dias. No entanto, de acordo com o cirurgião, «cerca de 80% dos casos de pernas cansadas derivam de mau funcionamento do sistema venoso, que po­derá, mais tarde, de­sen­cadear varizes». Como seria de esperar, a idade é uma variável que está em jogo, mas Luís Rosa Dias já operou jovens adolescentes com varizes. O sexo feminino é o mais afectado por este problema e «a proporção é de sete mulheres para apenas um homem», observa o médico. As mulheres em fases de alterações hormonais pronunciadas devem ser mais vigia­das, como é o caso das grávidas e das que se encontram na menopausa. Na opinião de Luís Rosa Dias, «a pílula já não repre­senta um risco acrescido uma vez que, com o avanço na sua concepção, se tornou mais inócua do que era antiga­mente». O aparecimento de varizes é motivado por dificuldades de drenagem sanguínea relacio­nadas com o estado das veias e com a insuficiência das válvulas existentes no interior das mesmas, afectando sobretudo os membros inferiores. Os sintomas mais frequentes são a sensação de cansaço e peso nas pernas, podendo, ou não, ser acompanhada de alguma dor, o inchaço nos pés, cãibras e comichão. Existem dois tipos de varizes, as essenciais e as secundárias. No caso das varizes essenciais, «responsáveis pela maior parte dos casos clínicos, trata-se de um problema de origem hereditária», diz Luís Rosa Dias. Todavia, a predisposição genética de antecedentes familiares não significa que irá, forçosamente, ter varizes. Por sua vez, as varizes secundárias são provocadas por tromboflebites e, mais rara­mente, podem surgir por fístulas arterio­ve­nosas na consequência de hábitos prejudiciais ou, por exemplo, «depois de acidentes que obrigam a pessoa a ficar muito tempo acamada sem tomar as devidas precauções profilácticas», refere o cirurgião. As varizes afectam, normalmente, as veias superficiais e podem ser tratadas através de terapêutica com medicamentos flebotónicos, da secagem das veias (escleroterapia) e, se for necessário, da sua posterior remoção. «Nos casos mais graves, operamos e tiramos a veia estragada. Como temos também as veias profundas, não estamos a prejudicar a perna, antes pelo contrário, vamos aliviar o peso que se acumulou naquela zona do corpo», explica Luís Rosa Dias. Se verificar que tem uma sensação de peso, cansaço, dor e edema nas pernas, não hesite em consultar o médico, porque as consequências da negligência em relação a estes sintomas, embora não aparentando nada de grave, podem trazer sérias complicações. «Se a pessoa não for tratada, pode originar situações bem mais complicadas, como as flebotromboses (o entupimento das veias com sangue coagulado)», previne o cirurgião, continuando: «Outra consequência mais grave são as úlceras varicosas, provocadas por varizes não tratadas e que causam um aumento de pressão exercida pelo sangue sobre a pele. Esta, ao estalar, provoca uma chaga que é difícil de tratar, porque só é possível curar a ferida na pele atacando a causa, que é o mau funcionamento do sistema venoso.» O caso de maior gravidade decorre das flebotromboses: «Quando um trombo de sangue que está preso numa veia se solta pode subir até aos pulmões e, por vezes, resultar numa embolia pulmonar e na morte.» Conselhos práticos Para quem já tem varizes e quer controlar o seu reaparecimento, ou para os que têm antecedentes familiares e pretendem prevenir a manifestação dos sintomas, deixamos-lhe alguns conselhos práticos. – Evite estarmuito tempo parado de pé ou sentado sem mexer as pernas (o que acontece também em viagens mais longas). Se a sua profissão obriga a isso, tente compensar com períodos de repouso, ou andando um pouco e seguindo as outras indicações que temos para si. – Se não puder andar, faça movimentos com os pés, rodando os tornozelos, como se estivesse a fazer o aquecimento para uma prova desportiva. Desta forma, ao contrair os músculos, vai ajudar a circula­ção do sangue. Andar em bicos dos pés também ajuda. – Não cruze as pernas quando se senta. Ao fazê-lo, está a aumentar a pressão na perna que fica em baixo. – O uso de meias elásticas, ou as chamadas meias de descanso, ajudam a prevenir o aparecimento de varizes. Mas tenha atenção às meias demasiado apertadas e evite usá-las nos períodos de calor intenso. – Descanse com as pernas elevadas, mas não as ponha em cima de almofadas porque, com o peso, as próprias almofadas cedem e comprimem as pernas. Além disso, as almofadas acabarão, eventualmente, por cair ao chão durante a noite. Experimente elevar o colchão, cerca de 20 centímetros, colocando debaixo dele uma manta dobrada. Vai ver que fica mais confortável. É importante que os pés fiquem ligeiramente mais altos do que o coração. – Promova uma dieta equilibrada, evite os alimentos fritos e a acumulação de gorduras, que podem dificultar a circula­ção sanguínea. A alimentação saudável diminui também o risco de excesso de peso.
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