Luzes Noturnas
(Diego Coletti Oliva)
Luzes Noturnas Escrito por Diego Coletti Oliva em 08/02/07 Francisco estava sentado na varanda do velho casarão da fazenda, já era noite, a lua crescente estava alta no céu estrelado e uma brisa quente soprava. O cri-cri dos grilos acalmava Francisco de um longo dia de trabalho, e a luz do lampião iluminava o suficiente para que ele pudesse enrolar seu cigarro da palha. Quando pôs o palheiro na boca, prestes a acendê-lo, fez-se o silêncio, os grilos ficaram mudos, a brisa parou de soprar e o céu se encheu de nuvens cinzentas de tempestade. Não muito distante da casa Francisco avistou estranhas luzes de variadas cores e formas, mesmo apavorado ele pegou a cartucheira que estava encostada ao lado da porta e se pôs a caminhar na direção das luzes. Conforme o homem se aproximava podia ouvir alguns ruídos no mato, por vezes pensou ter visto alguma coisa se movendo ao seu lado, às suas costas, e mesmo perto das luzes, mas não conseguia enxergar direito naquela escuridão. De repente as luzes se apagaram, apenas trevas, Francisco estava em pânico, não conseguia ver nada e girava em torno de si mesmo procurando ao seu redor enquanto ouvia alguma coisa se aproximando. Ele tinha certeza, estava cercado, não podia ver direito, mas sabia que estava cercado, desesperado Francisco deu um tiro para o alto na esperança de espantar seja lá o que for. No momento seguinte ao disparo houve silêncio absoluto, Francisco podia ouvir as batidas aceleradas do próprio coração. Mas em seguida novas luzes se acenderam brilhando com a intensidade de holofotes, formando um círculo ao redor dele, sons metálicos e perturbadores vinham de toda parte. Gritando pela dor nos tímpanos Francisco largou a arma e se ajoelhou no meio das luzes, e mesmo tampando os ouvidos os sons ainda o feriam, era como se estivessem dentro de sua cabeça. Ele não conseguia reagir, a dor era insuportável e logo sangue escorria de seus ouvidos, olhando ao redor Francisco não conseguia ver quem ou o que estava ali, as luzes ofuscavam sua visão, até que um de seus agressores começou a se aproximar. Francisco nunca tinha visto uma criatura como aquela, não era nenhum animal que ele conhecia e com certeza não era um homem. O que se aproximava de Francisco era um ser de pernas curtas, com um corpo pequeno e roliço, longos braços finos terminando em dedos também longos e finos com as extremidades inchadas, sobre o corpo havia um longo pescoço curvado que sustentava a cabeça grande e oval que observava com ar inquisidor. Com seus longos dedos viscosos a criatura tocou o rosto de Francisco e este encarou seus imensos olhos negros, nesse instante um clarão cegou Francisco. Com um grito ele acordou sentado na varanda do velho casarão da fazenda, a luz do sol ofuscando seus olhos. Apenas um sonho, ele pensou aliviado, mas o alívio logo se foi a passar as mãos no ouvido e ver o sangue em seus dedos.
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