Profissão: fotógrafo
(ManuelAtaide)
Primeira Parte: A INFÂNCIA
Corria o ano de 1955, estávamos em Março e a Primavera tinha acabado de chegar. Os dias estavam a ficar mais longos, o sol brilhava agora mais tempo e a chuva já era rara. O dia 23 estava destinado a ser o dia da chegada a este mundo de António, o primeiro filho de Ana Teresa e Francisco.
À sua espera estavam as mãos experientes da avó materna, Ana Pires de sua graça. A senhora já tinha ajudado a nascer muitos bébés na região, a bem dizer em todos os montes perto da Ermida de Santana, onde vivia. Agora tinha chegado a vez do seu neto... do seu primeiro neto.
A infancia correu da melhor maneira nos campos de Santana até aos 6 anos de idade... os pais tinham seguido para Lisboa para trabalhar e António tinha ficado com os avós maternos. Na altura a vida estava difícil no Alentejo e os avós paternos acabaram por abalar também para a capital.
A casa era pequena mas o pai queria o filho por perto e a escola esperava por António na Grande Lisboa, Feijó, concelho de Almada. O pai, a mãe, a irmã mais nova e os avós paternos acabaram por partilhar uma casa no Laranjeiro.
A vida na grande urbe pareceu muito diferente ao rapazinho e amiúde a lembrança da avó Pires vinha-lhe à cabeça. Os avós nunca o esqueceram e sempre que podiam davam uma saltada a Lisboa para o ver... isso aconteceu só um par de vezes mas a António sabia-lhe muito bem ter a avó ou o avô por perto, nem que fosse só por alguns dias.
A escola ainda ficava longe de casa e todos os dias o rapaz metia-se a caminho com os amigos para palmilhar quase 3 km para ir e outros tantos para voltar... afinal de contas o mesmo que teria de palmilhar se tivesse ficado no monte de Santana. Era essa a distância até à vila de Serpa.
Da primeira classe lembra-se pouco... quase não aprendeu nada, da segunda classe pior, pois António detestava a professora e vice versa... amiúde levava reguadas por não fazer os deveres e acabou mesmo por chumbar o ano.
Uma nova segunda classe e uma professora à maneira fizeram-no descobrir a verdadeira escola e os muitos amigos.
Do que se lembra com mais gosto, os elogios da professora quando tirava as melhores notas da classe a aritmética e a história... Isso e as brincadeiras no recreio fizeram os trés anos da primária parecerem um fósforo.
Da preparatória também tem boas recordações, a então vila de Almada pareceu-lhe uma grande cidade comparada com o sitio onde vivia, e em pouco tempo percorria com a facilidade dos 12 anos de idade todos os caminhos, de Almada velha a Cacilhas pelo miradouro, descendo as escadas até ao Olho de Boi, ou as ruelas de Mutela até à Romeira onde havia um centro de moagem e as fragatas do Tejo despejavam os cereais.
Este era o seu mundo e agradava-lhe a ideia de conseguir percorrer a pé tais distâncias... mesmo assim da escola até Cacilhas seriam 2 ou 3 km, e depois até à Romeira outros tantos.
Nesta altura do campeonato andar não era problema de maior. Com os muitos amigos chegava mesmo a fazer corridas para ver quem chegava primeiro. António como era magro e bastante ágil era frequentemente o primeiro.
FIM da 1ª PARTE
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