PT evita discutir situação criminal de José Dirceu
(Steve Rogers)
É muita cara de pau do PT afirmar que José Dirceu não cometeu crime algum. Vejam isso abaixo:
SÃO PAULO - Ele diz que não quer mais ser dirigente do PT, que está lá apenas como delegado eleito pelo bairro paulistano da Vila Mariana. Mas quando entrou no auditório em que se realizou a abertura do 3º Congresso Nacional do partido as bandeiras se agitaram, os militantes se levantaram, gritaram seu nome e José Dirceu, réu desde terça-feira pelo esquema do mensalão, foi aclamado.
O ex-ministro não foi convidado a subir ao palco, mas sentou-se na primeira fileira da platéia, bem em frente ao presidente da sigla, deputado Ricardo Berzoini. Mal se acomodou, foi cercado por militantes que queriam conversar e tirar fotos.
Começou a cerimônia mas, nos cerca de dez discursos realizados, seu nome não é citado pelos dirigentes e convidados nem uma única vez.
- Ele tem o direito de estar aqui, é membro do partido - disse na sexta-feira à noite a jornalistas o ministro da Justiça, Tarso Genro, adversário de Dirceu.
O ex-ministro vai responder a processo penal por crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa por envolvimento com a suposta compra de votos de aliados pelo partido. A decisão, tomada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em julgamento que terminou na terça-feira, atingiu outros dirigentes da sigla, como o ex-presidente José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares, o ex-secretário-geral Silvio Pereira, além do ex-ministro Luiz Gushiken.
- Qualquer avaliação do processo judiciário é insuficiente enquanto não terminar - avaliou o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Ainda assim, em uma banca de apetrechos petistas instalada na entrada do congresso era possível receber gratuitamente um livro intitulado 'Em Defesa de José Dirceu', publicado em julho. Com 107 páginas ricamente editadas, o livro traz na capa uma foto do ministro discursando na tribuna da Câmara, que cassou seu mandato de deputado no final de 2005, ano em que veio a público o escândalo. Logo na apresentação, o ex-deputado retoma sua defesa ao afirmar que não há provas de sua participação no esquema. A publicação traz a cronologia de acusações contra ele e sua trajetória política desde o movimento estudantil até sua chegada ao Planalto junto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003.
Enquanto os petistas esperam o julgamento final, o assessor da Presidência e vice-presidente do PT, Marco Aurélio Garcia, falava da fragilidade dos indícios da denúncia. - Vi muitos argumentos utilizados que são frágeis, que não resistirão a um julgamento objetivo como o que Supremo fará - disse.
Apesar da presença de Dirceu e de outros acusados como Genoino, o deputado João Paulo Cunha e professor Luizinho, o partido não quer que o mensalão se transforme no tema central do encontro.
- Nós não vamos parar o congresso para discutir isso - disse a deputada Maria do Rosário.
Neste sábado, está prevista a presença do presidente Lula, que fará um pronunciamento aos quase mil delegados. Eles se reúnem até domingo para discutir temas como a candidatura da legenda à Presidência em 2010, a possibilidade de uma assembléia constituinte para realizar a reforma política e a antecipação da eleição dos dirigentes da legenda em um ano.
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