Humanidade será bissexual?
(Pablo Santos)
Eis um exemplo de como a ciência às vezes serve para reforçar crenças e não para descobrir a verdade:
ROMA - A espécie humana estaria caminhando para o bissexualismo, defende o renomado cientista italiano Umberto Veronesi. Durante uma conferência neste fim de semana na região da Toscana, o médico e ex-ministro da Saúde afirmou que a espécie humana deve caminhar para o bissexualismo "como resultado da evolução natural das espécies".
- O homem está perdendo suas características e tende a se transformar numa figura sexualmente ambígua, enquanto a mulher está se tornando mais masculina. Desta forma a sociedade evolui para um modelo único - afirmou Umberto Veronesi, que é oncologista.
Na opinião do médico, o sexo no futuro será apenas um gesto de demonstração de afeto e não terá fins reprodutivos. Por esta razão, defende, poderá ser praticado entre pessoas de sexos opostos ou não. Em entrevista a jornais italianos, Veronesi reafirmou sua teoria, apontando o fator hormonal como indicador da evolução rumo ao bissexualismo.
- Desde o pós-guerra a vitalidade dos espermatozóides diminuiu 50% porque as mudanças das condições de vida estão fazendo com que a hipófise (glândula responsável pela produção dos hormônios) produza cada vez menos hormônios andrógenos (masculinos) - afirma o oncologista, pioneiro no tratamento de câncer de mama na Itália.
- O homem não precisa mais de uma intensa agressividade física para sobreviver - disse.
Com as mulheres, que tem papel cada vez mais ativo na sociedade, acontece o mesmo. Segundo o médico, elas vem produzindo cada vez menos hormônio femininos ao longo dos anos.
- É o preço que se paga pela evolução natural da espécie, que é positivo porque nasce da busca pela igualdade entre os sexos - afirmou o oncologista ao jornal 'Corriere della Sera'.
A menor produção de hormônios acabaria atrofiando os órgãos reprodutivos e criando uma espécie de "preguiça reprodutiva", na avaliação de Umberto Veronesi.
Para o médico o sexo deixou de ser a única forma para procriar desde que novas técnicas foram criadas, como fecundação artificial e a clonagem Na opinião do médico, num futuro não muito próximo, a sociedade poderia ser organizada como o mundo das abelhas. A maior parte de seus membros seria praticamente assexuada e só uma pequena parte se dedicaria à reprodução.
- A diferença é que os homens são inteligentes e isto produz reações sentimentais, além de fisiológicas - afirmou Veronesi.
A professora de sexologia da Universidade La Sapienza de Roma, Chiara Simonelli, concorda com as previsões de Umberto Veronesi. Ela define este processo como resultado da evolução genética e da mudança de mentalidade, fenômenos que são interligados e se influenciam reciprocamente.
- Mas este fenômeno está no começo. Para que tenha uma certa consistência é preciso esperar duas ou três gerações - afirmou Simonelli.
O antropólogo Fiorenzo Facchini, da Universidade de Bolonha, discorda com a teoria da evoluçao natural para o bissexualismo.
- Do ponto de vista antropológico, a orientação sexual é definida a nível biológico pela espécie e isto não pode ser alterado - explicou.
Para Facchini, a separaçao entre reprodução e sexualidade humana não é positiva.
- Separar a reprodução da sexualidade e do núcleo familiar não pode ser visto como uma vantagem para a espécie humana. A reprodução nao é apenas encontro de gametes, implica relação entre duas pessoas - declarou Facchini.
(Com informações da BBC Brasil)
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