Jim Thorpe, o índio herói
(Odir Cunha; Editora Planeta)
Robusto como os pais, James, ou “Jim” Thorpe nasceu no único quarto de uma cabana rústica na reserva indígena de Bellemont, Oklahoma, em 18 de maio de 1888. Seu pai, Hiram, do povo Pottowatomie, olhou pela janela logo depois que Charlotte, da tribo Sac e Fox, deu luz aos gêmeos e viu o sol de outono iluminando o caminho de terra, e chamou o pequeno Jim de “Wa-Tho-Huck”, ou Brigt Path, “Caminho Iluminado”. Jim cresceria solto na natureza, como todo garoto índio. Ajudava o pai em trabalhos braçais, pescava, corria pela mata, e tudo isso dava músculos e agilidade a seu corpo naturalmente forte. Aos 16 anos, descobriu a melhor maneira de usar seus dotes físicos na escola para índios de Carlisle, Pensilvânia, e logo se destacou no futebol americano como um sólido jogador de defesa. Um dia o treinador Glen “Pop” Warner viu Jim correndo, saltando, e ficou impressionado com sua forma. Convidou-o para o atletismo e o garoto logo se destacou em várias provas. Seu sucesso o levou a ser escolhido, aos 24 anos, para representar os Estados Unidos nas provas de pentatlo e decatlo dos Jogos Olímpicos de Estocolmo, em 1912. Em 7 de julho começou pelo pentatlo, vencendo quatro das cinco provas. Suas marcas: 7,07m no salto em distância; 46,41 no lançamento do dardo; 22s9 nos 200 metros rasos; 35,57m no lançamento do disco e 4m44s8 nos 1.500 metros. Seis dias depois iniciou as provas do decatlo, que também venceu, com as seguintes marcas: 11s2 nos 100 metros rasos; 6,79 no salto em distância; 12,89m no arremesso do peso; 1,87 no salto em altura; 52s2 nos 400 metros; 36,98m no lançamento do disco; 15s6 nos 100 metros com barreiras; 3,25m no salto com vara; 45,70 no lançamento do dardo e 4m40s1 nos 1.500 metros. Ao entregar-lhe as medalhas de ouro, o Rei Gustavo V, da Suécia, não se conteve e, ao apertar suas mãos, exclamou: “O senhor é o atleta mais maravilhoso do mundo”. Seis meses depois, porém, em janeiro de 1913, um repórter norte-americano descobriu que o bicampeão olímpico tinha jogado beisebol no verão de 1909 para receber de 60 a 100 dólares por mês. Como profissionais não podiam competir nos Jogos Olímpicos, o Comitê Olímpico Internacional decidiu recolheu suas medalhas e o nome de Jim Thorpe foi excluído dos anais do esporte. Na verdade, muitos atletas olímpicos competiam por dinheiro, mas tinham o cuidado – que Thorpe não teve – de assinar as listas com nomes diferentes. Amargurado, mas tão apaixonado pelo esporte como sempre, Jim continuou levando uma vida de múltiplas atividades: destacou-se tanto no beisebol, como no futebol americano, a ponto de ser incluído no Hall da Fama dessas duas modalidades. Só abandonou o futebol em 1929, aos 41 anos. Pode-se dizer que também foi um decatleta na luta pela sobrevivência, pois trabalhou como peão de obra, guarda noturno, leão de chácara, extra em filmes, promotor de eventos e conferencista. Em 1950 sua vida foi encenada por Hollywood e Burt Lancaster estrelou "Jim Thorpe, All-American". Em 28 de março de 1953, dois meses antes de completar 65 anos, Thorpe não resistiu ao seu terceiro ataque cardíaco. “O homem de bronze”, como era chamado por sua tez morena e o corpo sólido de um dos maiores atletas de todos os tempos, foi enterrado em Mauch Chunk, Pensilvânia, cidade que hoje se chama Jim Thorpe. Ex-casado com Iva Margaret Miller, que pediu a separação e a guarda dos filhos, acusando o marido de alcoolismo, Thorpe deixou apenas três garotas, já que seu único filho, Jim Thorpe Junior, morreu de pneumonia. Uma das filhas, Grace, passou 30 anos lutando pelo reconhecimento das glórias olímpicas do pai. Finalmente, em 1982, o Comitê Olímpico Norte-americano enviou requerimento ao Comitê Olímpico Internacional pedindo que Jim Thorpe fosse considerado amador em 1912 e assim recuperasse suas medalhas de volta. Em 12 de outubro de 1982 o pedido foi aceito. Durante a Olimpíada de Los Angeles, em 1984, as duas medalhasde ouro de Jim Thorpe finalmente foram trazidas da Suécia, onde estavam desde 1912, e entregues à sua família.
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