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A Perturbação de Personalidade Estado Limite ou Borderline
(Evaristo; M.)

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Etimologicamente personalidade deriva do latim personãle, «pessoal» + dade, que significa carácter, temperamento, notabilidade ou celebridade e na psicologia refere-se à unidade integrativa de um homem, com todo o conjunto das suas características essenciais (inteligência, carácter, temperamento, constituição) e as suas modalidades próprias de comportamento. Perturbação deriva do latim perturbatiõne, que significa desarranjo, acto de perturbar, desordem, revolução, confusão ou agitação. A Perturbação da Personalidade é definida pelo DSM-IV-TR como um padrão estável de experiência interna e comportamento que se afasta marcadamente do esperado para o indivíduo numa dada cultura (tendo em conta os substratos étnico, cultural e social), é global e inflexível, tem início na adolescência ou no princípio da idade adulta, é estável ao longo do tempo e origina sofrimento ou incapacidade. No DSM-IV-TR a Perturbação de Personalidade Estado-Limite é definida como um padrão global de instabilidade no relacionamento interpessoal, auto-imagem e afectos, e uma impulsividade marcada com começo no início da idade adulta e presente numa variedade de contextos. De acordo com o mesmo manual na história infantil destas pessoas são frequentes os relatos de abuso físico e sexual, negligência, conflitos violentos e perda ou separação parental precoce. Existe frequentemente co-ocorrência de perturbações do Eixo I, como por exemplo, perturbações de humor, perturbações relacionadas com substâncias, perturbações do comportamento alimentar (particularmente Bulimia), perturbação pós-stresse traumático, perturbação de hiperactividade com défice de atenção, e também ocorre frequentemente com outras perturbações da personalidade. A sobreposição dos critérios diagnósticos da personalidade estado-limite com as outras perturbações da personalidade é apontada por alguns autores como muito frequente (cerca de 82%) e refere-se, por esta ordem, às personalidades histriónicas, anti-sociais e esquizotípicas. No DSM-IV-TR é referido que a estimativa da prevalência da perturbação estado-limite é de cerca de 2% na população em geral, cerca de 10% no ambulatório de saúde mental, 20% no internamento psiquiátrico e sobe até 30% a 60% na população com perturbações da personalidade sendo predominantemente diagnosticada em mulheres (cerca de 75%). Por outro lado, uma revisão meta-analítica desenvolvida em 1991, estimou a prevalência da perturbação de personalidade estado-limite em 0,2% a 1,8% na população geral, 15% nos doentes das consultas externas em psiquiatria e cerca de 50% nos doentes hospitalizados nos serviços psiquiátricos. Alguns autores referem que 70% a 75% dos indivíduos com perturbação de personalidade estado-limite têm uma história de pelo menos um acto para-suicida, definido como qualquer comportamento intencional, agudo e prejudicial ao próprio, com ou sem intenção suicida, incluindo tanto as tentativas de suicídio como os comportamentos auto-mutilantes. As ameaças de suicídio e crises suicidas são frequentes mesmo entre aqueles que nunca se envolveram em comportamentos para-suicidas. Apesar de muitos destes comportamentos não terem consequências letais, os investigadores da área estimam que 5% a 10% eventualmente se suicida. Nos Estados-Unidos, em 2004, investigadores encontraram uma frequência de tentativas de suicídio graves de 49% e de comportamentos para-suicidas de 32%. Os critérios de diagnóstico actualmente estabelecidos no DSM-IV e na Diagnostic Interview for Borderlines para esta perturbação reflectem um padrão penetrante de instabilidade e desregulação nos domínios emocional, comportamental, cognitivo e interpessoal. As características dos indivíduoscom a perturbação de personalidade estado-limite nestes quatro domínios são seguidamente descritas. No domínio emocional os indivíduos com a perturbação de personalidade estado-limite geralmente experimentam desregulação e instabilidade. As respostas emocionais são reactivas e geralmente sofrem de depressões episódicas, ansiedade e irritabilidade assim como problemas com a raiva e a sua expressão. No domínio comportamental têm padrões de desregulação como prova do seu extremo e problemático comportamento impulsivo e uma importante característica é a sua tendência para dirigir comportamentos aparentemente destrutivos a eles próprios. Tentativas de injúria, mutilação, ou de suicídio, assim como o suicídio “consumado” ocorrem frequentemente nesta população, como já foi anteriormente salientado. No domínio cognitivo os indivíduos com a perturbação de personalidade estado-limite são por vezes cognitivamente desregulados. O pensamento não psicótico breve e a desregulação sensorial, englobando a despersonalização, dissociação e delírios, incluindo delírios acerca do self, são despoletados por situações stressantes e geralmente cessam quando o stresse melhora. A desregulação do sentimento de si próprio é comum e estes indivíduos frequentemente relatam não terem qualquer noção de um self, sentirem-se vazios e sem perceber quem realmente são. Por último, no domínio interpessoal os indivíduos com perturbação de personalidade estado-limite frequentemente experimentam desregulação interpessoal pois as suas relações podem ser caóticas, intensas e marcadas por dificuldades. Apesar das dificuldades marcadas nos relacionamentos os indivíduos borderline consideram ser extremamente difícil desistir destes e, em vez disso, podem empenhar-se em intensos e frenéticos esforços para evitar que outros indivíduos significativos os deixem. A perturbação de personalidade estado-limite tem recebido mais atenção por parte dos investigadores do que qualquer outra das perturbações de personalidade, apesar de esta perturbação ser tradicionalmente considerada como uma das desordens psiquiátricas mais difícil de tratar através da psicoterapia. Alguns autores consideraram a perturbação estado-limite um problema de saúde pública que apresenta sérias dificuldades para os prestadores de cuidados de saúde do sector público e responsável por despender muitos recursos ao estado. Os tratamentos para esta perturbação tendem a ser mais prolongados e mais complexos do que os tratamentos para outras perturbações e existe a necessidade de se desenvolverem mais investigações acerca dos tratamentos e sua eficácia nesta população, uma vez que é considerada uma condição frequentemente severa e crónica que causa elevados níveis de sofrimento e incapacidade.



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