BUSCA

Links Patrocinados



Buscar por Título
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Notícias
()

Publicidade
Sobre uma morte na fronteira

subtitulo = '''';
if (subtitulo.length > 2) { document.write (''''+subtitulo+'''') };




"Não consigo respirar", disse, ofegante, Felicitas Martinez Barradas ao
seu primo, enquanto os dois cambaleavam pela fronteira sob um calor de
38 graus Celsius. "O sol está me matando".Eles
já vinham caminhando por um dia e meio pelo Deserto de Sonora, no sul
do Arizona, o purgatório pelo qual passam incontáveis imigrantes no
trajeto do México aos Estados Unidos.Felicitas tinha 29 anos de
idade e não estava em boa forma física. Um contrabandista deu a ela uma
lata de bebida energética gasosa e pílulas de cafeína. Mas isso só fez
com que ela se sentisse mais doente e desmaiasse, disse o seu primo,
Julio Diaz. Vicente Martínez Ortega em Tepletan, México, diante da cova de sua filha, FelicitasLá,
perto de uma algarobeira, a pouco mais de 16 quilômetros da fronteira,
Felicitas morreu com os olhos abertos para o céu estrelado, os braços
cruzados sobre o peito e com Diaz, 17, ao seu lado. Acabou-se o seu
sonho de ganhar nos Estados Unidos dinheiro suficiente para construir
uma casa para ela e os quatro filhos pequenos no México."Ela
era muito determinada quando tomava uma decisão", disse a sua irmã,
Ely, no México, que tentou persuadir Felicitas a não partir. "Quando
ela decidia alguma coisa, nada era capaz de detê-la".A Patrulha
de Fronteira anunciou uma grande redução do número de imigrantes
ilegais apreendidos na fronteira com o México neste ano. Segundo a
agência, isso é uma conseqüência da atuação de uma quantidade maior de
agentes e da presença de tropas da Guarda Nacional. Mas o número de
migrantes que morrem enquanto tentam fazer a travessia aqui no Condado
de Pima está prestes a bater um recorde, segundo o médico legista do
condado. O Condado de Pima, que inclui a área de Tucson, é uma
das áreas mais movimentadas para as travessias ilegais ao longo da
fronteira de 3.200 quilômetros. O departamento de medicina legal
registrou 177 mortes de indivíduos que cruzaram a fronteira nos
primeiros oito meses deste ano, contra 139 no mesmo período do ano
passado, e 157 em 2005, o ano no qual foi registrado o maior número de
mortes.A morte de Felicitas em julho é um exemplo do motivo
pelo qual, segundo estudiosos da imigração, a Patrulha de Fronteira e
autoridades governamentais dos Estados Unidos e do México, o índice de
mortalidade dessas pessoas continua tão elevado: à medida que os
imigrantes evitam cada vez mais as áreas urbanas fortemente
patrulhadas, eles cruzam o deserto, sem contar com nenhum conhecimento
sobre ele. O calor, os insetos, os animais selvagens e o terreno
acidentado fazem desta uma das regiões mais inóspitas do planeta.Assim
como Felicitas, que trabalhava como faxineira no México, vários
imigrantes que cruzam a fronteira são provenientes das regiões central
e sul do México, que são mais frias e úmidas do que o Arizona, e onde
as pessoas têm menos familiaridade com o deserto e os seus perigos. Antes
de entrar no Deserto de Sonora, ela havia feito uma viagem de três dias
até o lado mexicano da fronteira, parte da jornada a partir da sua vila
de Tepletan, no Estado de Veracruz, em uma região verdejante e
subtropical, que fica a quatro horas de automóvel da Cidade do México.O
seu primo, Diaz, disse que os dois ficaram em um quarto na fronteira
com 15 outros imigrantes, e que cada um recebeu duas latas de atum, um
pacote de tortilhas, e seis litros de água de um contrabandista antes
de rumarem para o deserto.O aumento do número de mortes aqui
nos últimos anos seguiu-se à intensificação das ações repressivas por
parte da Patrulha de Fronteira na Califórnia e no Texas. O objetivo da
repressão foi desviar o tráfico de imigrantes de cidades como San Diego
e El Paso, deslocando a movimentação dessas pessoas para regiões
remotas do deserto, segundo a lógica de que isso desencorajaria os
mexicanos a tentar cruzar a fronteira. Maexista forma de
saber o efeito geral da medida, essa estratégia está funcionando em
parte como um funil para um número desconhecido de imigrantes.O
Departamento de Responsabilidade do Governo, em um relatório do ano
passado que trouxe uma análise das estatísticas da Patrulha de
Fronteira, anunciou que o número anual de mortes oficialmente
registradas dobrou entre 1995 e 2005, chegando a 472, sendo que a
maioria dessas mortes ocorreu no deserto próximo a Tucson. O relatório
sugeriu que a agência não registrou todas as mortes devido a um sistema
de classificação inconsistente. Agentes da Patrulha de
Fronteira dizem que à medida que a instituição contrata mais agentes,
conforme autorizado recentemente pelo Congresso, estes serão mais
capazes de patrulhar as áreas mais inóspitas do Deserto de Sonora.
Segundo o relatório, os comandantes das operações recentemente se
reuniram a fim de instituir métodos melhores para a contagem das mortes
de imigrantes. "Estamos bem conscientes dos perigos
intrínsecos à travessia do deserto", afirmou Lloyd Easterling, um
porta-voz da agência. "E é por isso que estamos tentando enviar nosso
pessoal para determinadas áreas a fim de dissuadir as pessoas a se
lançarem em tal aventura".No Consulado do México em Tucson há
um mapa adornado com pedaços de fitas amarelas e azuis, marcando os
locais onde, respectivamente, imigrantes do sexo feminino e masculino
morreram. Felicitas é a fita amarela número 114. Jeronimo
Garcia Ceballos, um oficial de consulado, é o responsável pelo mapa e
dedica grande parte do seu trabalho a identificar os mortos e a
providenciar o retorno dos corpos para o México.O seu
escritório é adornado com pôsteres que trazem slogans como, "Não deixe
a sua vida no deserto; a sua família pede que você não faça isso", um
exemplo da campanha pública que tanto o México quanto os Estados Unidos
têm aplicado ao longo de rotas conhecidas de imigração.Ele
lembra-se de ter recebido o telefonema da Patrulha de Fronteira a
respeito do corpo de Felicitas. "Muito triste, mas foi um caso típico",
disse ele.Felicitas telefonou várias vezes para casa enquanto
cruzava o México com Diaz. Eles viajaram até Xalapas em um veículo
utilitário esportivo de um contrabandista, e de lá pegaram um ônibus
até a Cidade do México, e depois disso um outro, fazendo uma viagem de
três dias até Altar, uma cidade feia que fica 80 quilômetros ao sul da
fronteira, e que é uma grande área de concentração de imigrantes. "Eu
lhe disse que não era muito tarde para voltar, e que eu trabalharia
para pagar ao contrabandista", afirmou o pai de Felicitas, recordando
as suas conversas com a filha por telefone ao longo do trajeto.De
Altar, eles foram levados em uma van até a fronteira, contou Diaz, e
assim que chegaram perto da divisa, começaram a caminhar. Eles seguiram
por um caminho conhecido dos imigrantes ilegais rumo à Rota 86, no
Arizona, onde os migrantes são freqüentemente recolhidos e levados para
vários pontos por todos os Estados Unidos.Diaz disse que os
dois tinham certeza de que enfrentariam apenas pouco mais de um dia de
caminhada, mas agentes da Patrulha de Fronteira dizem que a distância
da fronteira até a Rota 86 implica em uma caminhada de três ou quatro
dias. O último telefonema de Felicitas para casa foi feito
dois dias antes da sua morte. "Ela me disse, ''Pai, cheguei à
fronteira''", conta Martinez.Tepetlan, uma vila de 1.800
habitantes em um planalto situado na borda leste da Sierra Madre
Oriental, viu a sua população diminuir nos últimos anos à medida que
multidões de seus moradores rumavam para o "otro lado", conforme os
Estados Unidos são conhecidos na cidade fronteiriça. Familiares
e amigos disseram que Felicitas preferiu acreditar, assim como muitos
outros que tentam fazer a travessia, que nada de mal lhe aconteceria.O
seu irmão caçula fez uma jornada similar oito meses antes e encontrou
trabalho em uma fábrica na Geórgia, mas ele falou à irmã a r



Resumos Relacionados


- Vamos Jogar La Migra

- Filme-tres Enterros

- O Significado Da Fronteira Na História Americana

- Senado Radicaliza Ao Analizar A Imigração De Bill

- Babel



Passei.com.br | Biografias

FACEBOOK


PUBLICIDADE




encyclopedia