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Algumas formas primitivas de classificação
(Émile Durkheim)

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Durkheim, ao estudar os sistemas de classificação das tribos australianas - considerados por ele os mais primitivos - operacionaliza o seu conceito de fato social. Ao explicar como estão divididas as sociedades australianas, ele não efetua uma mera descrição de sua estrutura organizacional, mas demonstra a generalidade do fato social, bem como a sua exterioridade e coercitividade.
Ele procede à análise do sistema totêmico australiano ampliando a classificação realizada pelos estudos antropológicos até aquele momento, considerando não somente as fratrias, mas as classes – subgrupos das fratrias - em que estariam divididas as tribos. Utilizando essa classificação, Durkheim, ao longo do texto demonstra certa preocupação em desvendar as origens do totemismo australiano, as suas causas. Com esse intuito, toma o cuidado metodológico de privilegiar a observação empírica na comprovação de suas hipóteses.
Ao radicar a origem da estrutura social das tribos australianas na classificação dos grupos em fratrias e classes, Durkheim assinala que as mudanças ocorridas nos sistemas totêmicos das várias tribos são também prova da anterioridade dos mesmos. A sociedade seria a fonte geradora dessas classificações, pois é dela que parte o modelo organizador desses sistemas. Sendo assim, cabe a ela a manutenção e a mudança dos mesmos. Ao destacar que as mudanças verificadas na sociedade são produto de algo anterior, a exterioridade do fato social é reafirmada.
É necessário enfatizar que o texto explora a distinção entre causa e função de um fenômeno de forma exaustiva (vide páginas 190-192, 195, 197), pois ao longo do mesmo vemos a recorrência frequente ao argumento de que a classificação originária, “primitiva” das tribos, sobrevive durante o processo de segmentação social que se verifica no decorrer do tempo de desenvolvimento dos grupos derivados do totem original.
Durkheim demarca a origem dessas classificações na sociedade, contrapondo-se àqueles que concebiam a vida social como fruto de uma operação lógica, intencionalmente regulamentadora ou justificadora das condutas humanas. Isso não significa, contudo, que não houvesse uma lógica comum ao modo de classificação totêmica dessas tribos e às sociedades em geral.
O autor refere-se à evolução da classificação científica como um desdobramento das classificações primitivas, sendo que o elemento da última que teria sido acrescentado à primeira seria a hierarquia - na qual as coisas classificadas mantêm entre si uma relação de interdependência, formando um todo. A classificação verificada na Austrália seria uma função e não uma causa da organização social, pois atende à necessidades criadas no seio da sociedade. Durkheim explica a prevalência do social sobre as outras coisas, ao mesmo tempo que advoga um caráter sistêmico para a sociedade, dando um caráter universal ao fenômeno classificatório observados nas diversas sociedades.
Ao mesmo tempo em que postula a generalidade dos fatos sociais, o autor mantém resguardadas as diferenças entre os “primitivos” e os “civilizados” ao referir-se às sociedades dos primeiros como tendo a predominância do elemento afetivo.
É o caráter eminentemente social que enseja os fenômenos ocorridos no seio da sociedade. No caso das sociedades “primitivas”, essa predominância do social é afirmada por Durkheim como sendo fruto de um processo em que a lógica dele emergente não poderia ter sido apreendida tão facilmente devido à presença de elementos emocionais em sua gênese, o que denuncia a imprecisão dos termos nela presentes.
É justamente esse caráter emocional, que não permite aos integrantes das sociedades “primitivas” perceberem de forma consciente certas noções que dela fazem parte, que dificulta a identificação de uma lógica subjacente a essa sociedade. Durkheim situa esse estágio como fazendo parte de uma fase constituinte do processo que culminou na classificação científica, em que os elementos emocionais, apesar de ainda presentes, podem ser percebidos como muito menor vigor.



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