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Sexo: a perspectiva antropológica
(Edgar Gregersen)

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GREGERSEN, Edgar. "Sexo: a perspectiva antropológica". In: Práticas sexuais. São Paulo: Ed. Rocco, 1983. Capítulo I.

De acordo com o autor, o sexo começou há mais de 2.000.000 de anos, como uma forma de adaptação biológica que aos poucos tornou-se um ponto de convergência para os códigos sociais e morais específicos de cada sociedade. As mudanças ocorridas na sociedade ocidental aconteceram, segundo Gregersen, a partir de uma quebra na divisão sexual do trabalho e da difusão da contracepção. Dentre as diversas formas de adaptação desenvolvidas a partir do início da vida humana na terra, o sexo pode ser considerado a melhor sucedida. Através dos tempos desenvolveu-se uma grande diversidade de comportamentos e ideais, refletidos nas sociedades que originaram. Em consequência disso, nota-se uma variação no que diz respeito às atividades sexuais.
Para Gregersen, esta vinculação entre o biológico e o cultural justifica a necessidade de uma abordagem antropológica da questão. Ele dá alguns exemplos do tratamento que é dado à menstruação e à paternidade em algumas sociedade, destacando as especificidades de cada uma delas. Nos grupos onde os casamentos tornaram-se mais tardios (como no Tepoztlán, México), essa crença foi desfeita, porém, os mais velhos insistiam em sustentá-la. O autor cita nomes de alguns povos que negam a necessidade do homem para a procriação: os Aranda da austrália, os trobriandeses, os yapese da Meronésia e os buka das Ilhas Solomon, no Pacífico. Entre os yanomamo, acredita-se que para o bebê nascer mais forte, a mãe deve copular com muitos homens durante a gravidez. Já os mam da Guatemala acusam de adultério a mulher que após copular com seu marido por dois ou três anos não engravidou. O fato seria comprovado pela crença de que muitas cópulas impediriam a concepção. Outras sociedade acreditam que a existência de gêmeos seria a prova do adultério. Entre os kubeo do Brasil acredita-se que se uma mulher grávida copular durante a gravidez, acumulará um grande número de feto e a barriga explodirá.
Mesmo nas sociedades ocidentais, com o seu desenvolvimento tecnológico, são mantidas crenças errôneas, como a que afirma ser necessário o orgasmo para que a mulher engravide (Inglaterra, América rural, Jamaica, Porto rico). Outra crença apenas há 200 anos derrubada foi a que afirmava ser a mulher apenas um depósito do sêmen masculino, que geraria a criança. Dessa crença compartilham os trukese do Pacífico e os tupinambá da América do Sul.
Além dos fatores tecnológicos, o autor aponta a ideologia como um obstáculo ao estudo do sexo. A naturalização é um mecanismo utilizado para evitar discussão sobre assuntos ligados ao sexo. O que é natural e uma cultura, entretanto, nem sempre é natural em outra. A poligamia é um exemplo disso. As posições sexuais variam de acordo com a cultura da qual os indivíduos fazem parte. A posição missionária (papai-e-mamãe) é comum nos grupos que sofreram a influência dos missionários cristãos, enquanto que em outros grupos, como os Bororó do sul do Brasil e os trobriandeses, pode até ser vista como uma ofensa. As representações mais antigas da relação sexual frequentemente mostram as mulheres por cima.
O uso da contracepção e a quebra da tradicional divisão do trabalho fizeram com que fossem operadas mudanças ideológicas com relação ao sexo. O casamento deixa de ser visto como arranjo financeiro e os cônjuges priorizam a satisfação sexual. Em todos os lugares, o sexo é dotado de um significado mais abrangente que o de um mero ato físico. Através do aspecto simbólico do sexo, a sociedade cria suas normas morais e de organização social. O aspecto ideológico também é responsável pela falta de informação sobre o sexo. Grupos religiosos interessados na defesa de valores morais preconizados pelos seus representantes renunciam ao estudode temas relacionados às práticas sexuais por considerá-los imorais. Há também crenças arraigadas em certas culturas, que vêem como naturais idéias sobre sexo por elas formuladas e estranham idéias alheias sobre o assunto. É o caso dos índios Kágaba da Colômbia, que não vêem o incesto como algo pecaminoso.
Uma sociedade abriga indivíduos que adotam posturas diferenciadas em relação ao sexo, de acordo com a classe que pertençam. Nos EUA, notou-se que as diferenças entre classes sociais determinavam a adoção de uma certa postura. As relações pré-nupciais eram encorajadas e encaradas como naturais. Essa diferenciação de conduta é devida à variação dos valores simbólicos ligados ao ato sexual em cada classe social. O nível de escolaridade teve grande influência na determinação dos resultados: os homens de menor cultura resistiam à adoção de posições distintas da missionária, achavam-nas depravadas e iniciavam a vida sexual com mulheres distintas da futura esposa. Geralmente, entre os indivíduos mais cultos, a masturbação, o sexo oral, carícias, beijos apaixonados, contato boca-seios, eram considerados, ao contrário dos homens menos cultos, que viam tudo que não fosse a posição missionária como depravado e faziam sexo com um mínimo de preliminares. O estudo de Kinsey, data de 1948, já não explica as diferenças do comportamento sexual nas distintas classes, porém, revela uma padronização que vem desde muito tempo diferenciando o comportamento sexual entre as classes.



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