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Educação feminina na Bahia
(Lígia Vieira de Santana)

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http://socursosgratis.blogspot.com/SANTANA, Lígia Vieira de. “Educação feminina na Bahia”. Revista Cultura. Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UFBA. n. 1,1945. p. 113-121.

A autora inicialmente faz uma crítica a cerca da pouca importância dada à educação feminina no Brasil, e afirma que a prática educacional se resumia ao ensino da cultura do colonizador português como forma de “civilizar” o povo conquistado - tarefa para a qual contribuíram os jesuítas.
Ela afirma que a educação dada no Brasil aos indígenas e escravos serviu para reforçar o ethos patriarcal, pois em se tratando de um fenômeno social, refletia o contexto cultural da época da colônia baseado em grandes latifúndios contribuiu para tal quadro. A situação, apesar de melhorar um pouco com a instituição da República, não se alterou de forma significativa, pois 80 % da população ainda vivia nos campos, privada do acesso à educação.
A autora retrata o quadro educacional do século XX como bastante excludente e baseado no sistema tradicional de dominação, no qual a mulher era preparada para lidar com a casa, com os filhos, os escravos.
Santana compara a situação das brasileiras com a das mulheres européias, concluindo que lá já “era notável a projeção das mulheres”. Ela afirma que no Brasil do segundo reinado as mulheres já compareciam aos jantares, mas com a função de embelezar as reuniões, sem que, além de um preparo estético, houvesse também maior preocupação com a formação intelectual dessas mulheres. A inserção da mulher no meio político era quase nula, pois apenas umas poucas mulheres bem educadas tomavam parte de campanhas políticas: Júlia Lopes de Almeida, Princesa Isabel, Leonor Porto.
O papel que é reivindicado pela autora, parece ser o da mulher política, cientista e/ou literária, mas apenas como auxiliar do homem. Ela não parece buscar uma maior autonomia feminina. Um exemplo disso é a citação que ela faz de Gilberto Freyre:

“Ainda G. Freyre procura explicar a aridez, ‘secura e até a perversão da obra política, literária e científica dos nossos homens do Império, pela falta de mulher, não inspiradora - que esta sempre houve e das mais intensas - mas colaboradora psicológica do marido, filho ou irmão’.” (p. 115)

A autora louva a iniciativa de implantação do ensino nos moldes europeus aqui na Bahia, a exemplo do que era ministrado nos conventos. Santana descreve a história do Convento do Desterro, pioneiro na Bahia, inicialmente bastante procurado pela elite baiana, mas posteriormente reduzido a tutor de órfãos, ministrando um ensino fundamentado na educação para prendas domésticas. Ela alega que um dos empecilhos para o desenvolvimento da educação feminina eram o desconhecimento das diferentes regiões brasileiras e o conservadorismo do imperador.

Lei provincial nº 3 de 14 de abril de 1836 - dizia que o preparo do pessoal responsável pela educação cabia à Escola Normal. A princípio o curso era restrito aos homens.

Lei nº 403 de 1850 - cria a Escola Normal para moças.

O ensino ministrado na Escola Normal era diferenciado para moças e rapazes, apesar de realizado no mesmo prédio.

1885 - uma nova lei funde as duas escolas, admitindo ambos os sexos, com o nome de Instituto Normal. A partir desta fusão, o número de matrículas foi crescendo e com maioria feminina.

Lei provincial nº 33 de 1836 - criou o “Lyceu Provincial”, com bacharelado em Letras. começou a funcionar em 7 de setembro de 1837. Somente para alunos do sexo masculino.

Reforma de 1895 - em substituição ao Liceu, foi criado o “Ginasio da Bahia”. Admitia alunos de ambos os sexos. A presença feminina nesse estabelecimento é reduzida, pois os pais preferiam escolas particulares para o ensino das mulheres.

1903 - fundado o Educandário Sagrado coração de Jesus. Equiparado à Escola Normal em1906, forma sua primeira turma em 1909.

1927 - fundado o Colégio N. Sra. auxiliadora, por Anfrísia Santiago. Aboliu o ensino normal em 1938 e iniciou o ginasial, quando teve maior freqüência. “Tem a diretora larga visão do futuro e planos avançados de educação que merecem todo o apoio e aproveitamento.” (p. 118)

Nesse período a mulher já começa a trabalhar fora de casa, e tem no Instituto Feminino da Bahia uma organização fundada para “proteger” a moça solteira.
As mulheres na sociedade da época ocupavam-se de tarefas ligadas à educação e à saúde, como professoras ou enfermeiras, o que revela uma certa continuidade da sua situação - saíam de casa, mas trabalhando em situação de subordinação.

8 de dezembro de 1943 - fundada a “Escola Comercial Feminina”, com extensão da obra do Instituto Feminino da Bahia. Nela funcionavam um Museu, uma agência de trabalhos, cursos de arte culinária e aulas de Filosofia.

“Do exposto, conclue-se que o panorama da educação feminina variou, evoluiu. A moça brasileira de hoje, consciente de seus direitos age como estimulante na competição com os homens. Pode-se dizer que não há mais grandes diferenças de nível intelectual entre ela e ele. E apesar de haver ainda muitos conservadores que lutam por dar à jovem o mesmo regime de vida do século passado, ela vai realizando o seu ideal de cultura, lentamente mas com persistência.” (p. 120)

Apesar do maior número de mulheres ingressando nos cursos secundários, a autora afirma que ainda é insatisfatória essa participação feminina, pois, proporcionalmente, representa muito pouco. Ela reforça a idéia de que a educação democrática é a base da luta contra o fascismo, que no Brasil era representado pelo integralismo.



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