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A educação, a sua natureza, o seu papel
(Émile Durkheim)

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Durkheim analisa os conceitos de educação de alguns pensadores e esboça o seu conceito de educação. Ele define a educação como a ação que os adultos exercem sobre os mais jovens no sentido de formá-los para a vida em sociedade. Neste sentido, ele se opõe a Kant, que diz que o propósito da educação é desenvolver a perfeição em cada indivíduo. A educação assim definida é desejável, mas não realizável, pois ninguém pode desenvolver todas as faculdades em virtude do fato de que nem todas são requeridas no desempenho das funções que cada indivíduo tem numa sociedade.
James Mill dizia que a finalidade da educação seria “...fazer do indivíduo um instrumento de felicidade ara ele mesmo e para os seus semelhantes.” (Mill apud Durkheim, p. 45). Durkheim também discorda do conceito de Mill, pois, para ele, felicidade é algo subjetivo, que cada um define a seu modo. Não podemos partir do postulado de que existe uma educação válida para todos os homens indistintamente porque a educação varia de acordo com o tempo e as regiões. Assim, cada período histórico vivido pelas sociedades está relacionado a um sistema de educação que se impõe sobre os indivíduo não permite variações ou desvios, sob pena do indivíduo ser rejeitado pelo meio no qual está inserido.
O sistema educacional de uma sociedade é, em sua maior parte, produto das gerações anteriores, de criação coletiva e não individual. Ele depende da religião, da organização política, da ciência, da indústria etc. e, assim sendo, só podemos agir sobre ele a partir do momento em que tomamos conhecimento de sua natureza e das condições de que dependem. Para identificarmos a função educativa. Devemos dizer em que consiste a educação, seus fins e necessidades que satisfaz. Esta tarefa somente será realizada através da observação histórica.
Todos os modelos educacionais, apesar das diferenças, têm um substrato comum, ou seja, um conjunto de idéias acerca da natureza humana, da importância das nossas faculdades, do direito e do dever, da sociedade, do indivíduo, do progresso, da ciência, da arte etc. O fundamento da educação seria este substrato comum que resulta num tipo ideal de homem.
Funções da educação, segundo Durkheim:
“...suscitar na criança: 1º) um certo número de estados físicos e mentais que a sociedade à qual pertence considera não deverem estar ausentes de nenhum dos seus membros; 2º) certos estados físicos e mentais que o grupo social particular (casta, classe, família, profissão) considera igualmente que se devem encontrar em todos aqueles que o formam.” (p. 51-52)
A educação resultaria da interação entre o ideal de homem da sociedade em geral e do meio social particular, o que produziria os seres sociais.
Conceito de educação durkheimiano:
“...a educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre aquelas que ainda não estão maduras para a vida social. tem por objeto suscitar e desenvolver na criança um certo número de estados físicos, intelectuais e morais que lhe exigem a sociedade política no seu conjunto e o meio especial ao qual está particularmente destinada.” (p. 52)
As qualidades morais podem ser despertadas nos indivíduos pela educação, que exerce uma ação exterior, mas também por características individuais como a inteligência, que permite a adaptação da conduta à natureza das coisas, e as qualidades físicas, que contribuem para a saúde e o vigor do organismo. O processo educativo acelera o desenvolvimento do indivíduo que, por possuir tais qualidades, naturalmente tenderia a alcançar um “estado de perfeição”.
Concordando com Rousseau, Durkheim assinala que apenas os sentidos, a experiência e o instinto seriam suficientes para satisfazer as necessidades vitais do indivíduo. Isto porque é a vida em sociedade, ao tornar-se mais complexa, que cria a necessidade do desenvolvimento do pensamento científico.
Para Durkheim, o papel do Estado seria obrigar o ensino de princípios como “...o respeito pela razão, pela moral, pelos ideais e sentimentos que estão na base da moral democrática” (p. 62) nas escolas. Esta tarefa somente será bem sucedida se for exercida sem agressividade nem violência e dentro de limites.
A ação da educação é comparada à da hipnose: o educador, ao encontrar a criança num estado de total passividade, impõe inicialmente num tom imperativo que vai se perdendo à medida que o processo educativo avança, modos de comportamento que julga adequados. A autoridade “natural” do professor sobre o aluno seria um aspecto facilitador neste processo. Esta autoridade, no entanto, não significa o uso da força física e sim adviria de um comportamento sereno e firme do educador. O castigo só tem valor moral quando quem sofre o reconhece como justo.
Durkheim se contrapõe à proposta de Montaigne, para quem o homem deve formar-se brincando e somente em contato com estímulos prazerosos. Como a educação tem como fim tornar o indivíduo um ser social, esta tarefa deve exigir da criança limites que são impostos moralmente ao educando. Os educadores, através do exemplo do comportamento que dão às crianças, devem ser a personificação do dever. Assim, a autoridade moral serial uma qualidade essencial ao educador, pois ela inspira respeito e reverência nos educandos. Para que isto aconteça, é necessário que o educador demonstre autoconfiança e saiba que está investido de autoridade perante o educando.
Assim como o padre é o porta-voz de Deus, o professor é o porta-voz da sociedade. A partir do entendimento do seu papel, o educador terá condições de, a partir de si mesmo, obter o reconhecimento da sua autoridade perante os educandos.



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