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A crítica weberiana
(Anthony Giddens)

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GIDDENS, Anthony. "A crítica weberiana". In: A estrutura de classes das sociedades avançadas. Rio de Janeiro: Zahar, 1975. Parte I. p. 45-59.

O argumento de Weber acerca da teoria de classes de Marx ataca três pontos: a) Marx tratou classe como um fenômeno puramente econômico; b) Os conflitos de classe seriam o resultado inevitável de interesses materiais, esquecendo-se da dimensão subjetiva; c) O poder foi tratado como dependente do poder econômico, ao que Weber vai dizer que é uma variável independente deste. Também em Weber classes e desenvolvimento capitalista são tratados como concepções abstratas, separadas de suas discussões históricas das características das sociedades européias particulares. O que diferencia Weber de Marx no que se refere ao tratamento dado à questão é o tratamento dado ao conceito de classe. Em Weber há uma definição mais precisa do termo e as classes são consideradas em sua pluralidade, o que implica na admissão da existência de várias classes médias dentro da "classe média", com características distintas. Nela, há aqueles que possuem habilidades com "valor de mercado", e os que somente têm o seu trabalho a oferecer (não-qualificado). Para Weber, a classe tem existência objetiva, independendo da consciência que os homens tenham dela. Somente sob certas condições, para Weber, os homens podem tomar consciência dela e agir na defesa de interesses econômicos comuns. A consciência subjetiva não é o que basicamente diferencia uma classe de um grupo de status, pois uma classe também pode ser uma comunidade subjetivamente consciente. O que distingue os dois é que o grupo de status não está baseado exclusivamente no critério econômico, originado de situações de mercado. O autor afirma que a diferença básica existente entre classe e grupo de status é que uma está no pólo da produção e o outro no pólo do consumo. Isso não significa que ele prega uma separação rígida entre classes e grupos de status, dado que um e outro podem ser determinados pela propriedade e pelas relações geradas no mercado. O poder, para Weber, não está necessariamente aliado ao poder econômico, podendo ser originado de outras fontes. A análise de Weber sobre o desenvolvimento do capitalismo difere da de Marx em dois pontos: 1) a análise da "expropriação", que para Weber não está confinada à esfera industrial e faz parte de um processo que ocorre nos setores mais amplos da sociedade; 2) o tratamento que Weber dá à "racionalidade": em Marx podem existir separadas a "racionalidade da técnica" e a "racionalidade da dominação", para Weber essa separação não é possível. O caráter específico da sociedade moderna em relação à outras épocas é a tendência à expansão da burocratização. É essa característica, não somente a existência da relação de classes entre capital e trabalho assalariado, que define a emergência da burguesia. Para Weber, é provável que o capitalismo seja superado pelo socialismo, mas ele vê essa transcendência como a expansão e complexificação das tendências e características do capitalismo, não necessariamente a emergência de uma organização social completamente nova. Weber rejeitou a análise de Marx das contradições na estrutura de classes capitalista, mas não sabe precisar até que ponto ele aceitou a análise do processo de transformação econômica do sistema. Weber discorda da idéia de Marx de que o capitalismo leva à pauperização dos trabalhadores e também nega a existência de duas classes homogêneas (capitalistas e proletários) pois para ele o que prevalece é uma tendência à diversificação das relações de classe. A “classe social" de que fala Weber distingue-se da classe puramente econômica, pois inclui as chances de mobilidade do indivíduo. Como exemplo, temos a situação de um filho de um operário semi-especializado, que apesar de ao longo da sua vida profissional poder tornar-se um operário especializado, tem bem menos chances de que isso ocorra do que um filho de operário especializado. Weber distingue quatro grupos de classes sociais no capitalismo: 1. Classe operária manual; 2. Pequena burguesia; 3. Trabalhadores white-collar não proprietários (técnicos, vários tipos de empregados white-collar, servidores civis); 4. "Privilegiados" através da propriedade e da educação. As classes, segundo Weber, não constituem necessariamente comunidades, podendo ser fragmentadas por interesses específicos originados de sua posição no mercado. Um elemento central nas análises de Weber é a recusa à generalização marxista de que as lutas de classes são o motor da história. Ele considera que, ao tornar secundário o aspecto político, Marx maximiza a importância das relações econômicas na infraestrutura da organização social. Além disso, entende que há na teoria marxista o não-reconhecimento das filiações por status. Weber concorda que no capitalismo predomina a situação de classe, não a situação de status, mas discorda com Marx por entender que não é o caráter de classe o elemento mais essencial do capitalismo e sim o caráter racionalizado da empresa capitalista. Assim, a relação de classes entre capital e trabalho assalariado aparece como um sintoma do processo, não como seu elemento central. A análise do Estado burocrático é secundarizada em Marx, que resolve o problema com a previsão do desaparecimento das classes dominantes. Weber discute com maior profundidade a questão, dando maior destaque ao Estado burocrático e sua importância na configuração do sistema capitalista e afirmando que a mera abolição da propriedade privada não promove a transformação total da sociedade, como acreditava Marx.



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