Espumas Flutuantes
(Castro Alves)
Influenciado por Byron e Vitor Hugo. Pertenceu à Escola Condoreira da terceira geração. Foi um GRANDE defensor da ABOLIÇÃO da escravatura no Brasil, é o patrono da cadeira nº 7 da Academia Brasileira de Letras. “Em 1870 dirigiu-se para a Bahia, onde publica Espumas Flutuantes. Falece em Salvador. Predominante poeta romântico, Antônio Castro Alves (1847 - 1871) foi autor de Obras como: Espumas Flutuantes, Os Escravos, A Cachoeira de Paulo Afonso e o drama Gonzaga ou A Revolução de Minas, Vozes da África e Navio Negreiro são a sua expressão máxima e poesia.
Desenvolve seus poemas num tom melodramático, depois de tanto sofrimento por amor a Dr. Eugênia Câmara, suas desilusões e o sofrimento físico da amputação do pé. A sua perda de forças para viver, vai publicar em 1870 seus 53 poemas de Espumas flutuantes. Sua obra apresenta a transitoriedade da vida humana e de suas relações, o desejo de morrer ainda vivo em seus poemas da 3ª Geração da poesia romântica. Com tanto sofrimento ele sente sua vida esvair-se. Em Espumas Flutuantes o autor utiliza a metáfora do navegante enfrentando o oceano das desilusões. Próximo da morte que iria ocorrer um 1 ano após a publicação de Espumas Flutuantes. São seus cantos de sofrimento como dizia ao próprio autor “ao estalar fatídico do látego da desgraça”. Um escritor simples, genuíno, clima poético. Seu tema recorrente das causa sociais e libertárias neste livro não figura. É uma Antologia Poética - publicada pelo poeta em vida - com, 53 poemas, temos aqui o sensual-lírico. O lírico amoroso que segundo Manuel Bandeira, 1997 prefaciando a obra afirma:
“Em Castro Alves cumpre distinguir o lírico amoroso, que se exprime quase sempre sem ênfase e às vezes com exemplar simplicidade, como no formoso quadro do poema ‘Adormecida’, o poeta descritivo, pintando com admirável verdade e poesia nossa paisagem...”
Entre os 53 poemas se destacam poemas como: “Boa-Noite”, “Adormecida”, “O Laço de Fita” e “O Adeus de Tereza”.
“O Laço de Fita
Não sabes crianças? ''Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita.
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu''enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita.(...)”
“O "Adeus" de Teresa
A vez primeira que eu fitei Teresa,
Como as plantas que arrasta a correnteza,
A valsa nos levou nos giros seus...
E amamos juntos... E depois na sala
"Adeus" eu disse-lhe a tremer co''a fala...
E ela, corando, murmurou-me: ‘adeus.’ ”
“Adormecida
Ses longs cheveux épars la couvrent tout entière
La croix de son collier repose dans sa main,
Comme pour témaigner qu''elle a fait sa prière.
Et qu''elle va la faire en s''éveiliant demain.
A DE MUSSET
Uma noite eu me lembro... Ela dormia
Numa rede encostada molemente...
Quase aberto o roupão... solto o cabelo
E o pé descalço do tapete rente.
''Stava aberta a janela. Um cheiro agreste
Exalavam as silvas da campina...
E ao longe, num pedaço do horizonte
Via-se a noite plácida e divina.
De um jasmineiro os galhos encurvados,
Indiscretos entravam pela sala,
E de leve oscilando ao tom das auras
Iam na face trêmulos — beijá-la.”
“Boa-Noite
Veux-tu donc partir? Le jour est encore éloigné
C''était le rossignol et non pas l''aloustte
Dont le chant a frappé ton oreille inquiete;
Il chante la nuit sur les branches de ce grenadier,
Crois-moi, cher ami, c''était le rossignol.
SHAKESPEARE
Boa-noite, Maria! Eu vou-me embora.
A lua nas janelas bate em cheio.
Boa-noite, Maria! É tarde... é tarde...
Não me apertes assim contra teu seio.
Boa-noite!... E tu dizes — Boa-noite.
Mas não digas assim por entre beijos...
Mas não mo digas descobrindo o peito
— Marmeus desejos.
Julieta do céu! Ouve... a calhandra
Já rumoreja o canto da matina.
Tu dizes que eu menti?... pois foi mentira...
. . . Quem cantou foi teu hálito, divina!”
Temos ainda a dedicatória e o Prólogo da obra. A dedicatória é em memória dos pais e seu irmão. No "Prólogo", o autor faz uma síntese de sua poética assumindo a postura de um navegador solitário que vence as espumas flutuantes das vagas problemáticas da vida. De sua vida tão tenra e tão sofrida por um amor impossível e cheio de desventuras. Castro Alves reflete em seu Prólogo:
"Como as espumas, que nascem do mar e do céu, da vaga e do vento, eles são filhos da musa - este sopro do alto; do coração - este pélado da alma. E como as espumas são, às vezes, a flora sombria da tempestade, eles por vezes rebentaram ao estalar fatídico do látego da desgraça(...)"
Carregados do sofrimento humano presente no romantismo, com uma riquesa no uso de figuras de linguagem. Apresentando indiretamente seus sofrimentos e suas frustrações a sua mocidade perdida e sua crença nos indivíduos.
“E quando – comediantes do infinito – vos obumbrais nos bastidores do abismo, o que resta de vós?
- flores perdidas na vasta indiferença do oceano. – Um punhado de versos...- espumas flutuantes no dorso fero da vida!...”
ALVES, Castro. Espumas flutuantes. in Poesias Completas. 1997. São Paulo : Ediouro. PUBLIFOLHA.
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