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A Casa dos Budas Ditosos
(João Ubaldo Ribeiro)

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Seguindo a tradição de histórias como Emmanuele, Histoire d’O, ou, mais recentemente e com uma marca mais autobiográfica, A Vida Sexual de Catherine M.,A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro, é um romance em forma de depoimento biográfico no qual, ao longo de 167 páginas, o leitor é transportado através da vida sexual da personagem principal, uma baiana anónima de 68 anos.
Uma nota do autor, no início do livro, indica ao leitor que a obra não é da sua autoria; é de uma baiana anónima residente no Rio de Janeiro e foi parar às suas mãos pouco depois de ter saído nos jornais uma notícia que dizia que a editora havia pedido ao autor que escrevesse um livro sobre o pecado da luxúria. A explicação é verosímil, porém não totalmente convincente. Instala-se no leitor uma dúvida em relação à autoria que o vai acompanhar ao longo do livro, se bem que, perante a força da narrativa, muitas vezes se esqueça dela.
A obra tem como tema a vida (sexual) de uma mulher nascida na Bahia, presumivelmente nos anos 40, e como temas subjacentes a liberdade sexual, o papel da mulher, a liberdade de escolha, a libertação de pre e pré-conceitos religiosos, sociais e sexuais. Assumindo a forma de um depoimento gravado e posteriormente transcrito, como se pode constatar pelas digressões constantes, pelo discurso oralizante (com recurso à utilização do calão, de estrangeirismos vários, de alguns erros ortográficos – que o autor afirma ser conforme o original - e de expressões de cariz sexual de uma crueza e frontalidade por vezes atordoantes) e pelo desejo expresso da narradora de deixar a sua história como testemunho antes de morrer, a narrativa tem o poder de cativar o seu leitor, seja através da empatia com a narradora, mulher destemida, descarada e temerária, seja através da incredulidade, do choque e, por vezes do repúdio perante o que é narrado. Bissexualidade (pansexualidade, nas palavras da própria narradora), adultério, luxúria, incesto, pedofilia, sexo com animais, sexo em grupo, troca de casais, droga, chantagem, enfim, tudo o que é social e moralmente condenável pela sociedade ocidental desfila perante o leitor como algo não só normal como defensável e até aconselhável. O tom desafiador da narrativa tem, entre outras, a finalidade de escandalizar os pudicos, os falsos moralistas e os hipócritas
O texto começa com uma referência a tradições orientais milenares ligadas ao sexo e à fertilidade, que originam o título do livro. Ao mesmo tempo que dá a impressão de estar a querer iniciar a narrativa, a narradora vai dando ao leitor informações sobre si, sobre a sua vida, as suas experiências, a sua história. O leitor, sem se dar conta, já está a ser enredado na teia da(s) história(s).
A frase inicial da obra remete para uma frase semelhante, no início do discurso mais famoso de Martin Luther King. Em ambos os casos os discursos têm como objectivo convencer o público da necessidade de uma sociedade livre de preconceitos (uma ideia contrária àquela em vigor). No final da obra, tal como no final do discurso, o sonho não chega a concretizar-se. A narradora viveu a sua vida de acordo com as suas crenças e filosofias, mas reconhece que só o conseguiu porque teve meios (intelectuais e, sobretudo, financeiros) para as concretizar. A mensagem final é uma de esperança; que a humanidade beneficie das suas experiências e se liberte de todos os preconceitos. Só através de uma vida plena se atinge a verdadeira espiritualidade.



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