Resumo de Memória de Minhas Putas Tristes

Excelente!!! É o mínimo que se pode dizer dessa fantástica história de vida, onde um homem descobre o amor aos 90 anos de idade. E descobre, literalmente, pois até então, apesar de bem formado e culto esse personagem sem nome desfilou toda a sua vida por incontáveis alcovas de bordéis de uma cidade imaginária, numa Colômbia remota, aparentemente e permanentemente fugindo das “armadilhas” dos compromissos sentimentalóides. A estória vai tomando forma no transcorrer dos 90 anos do personagem, que faz uma viagem fantástica, passeando entre passado e presente com uma sutileza incomum, numa narrativa extremamente poética, irreverente e bem humorada, que enche de lirismo todo o ambiente literário, com uma riqueza de detalhes tamanha que transporta até mesmo o mais precavido leitor aos seus recônditos mais secretos. O desejo de ter uma jovem ninfeta adolescente virgem na noite em que completaria seus noventa anos resulta numa descoberta inimaginável que, até então, havia sido rejeitada por esse homem: o amor. E, a partir daí, a estória se desenrola numa seqüência de encontros e desencontros, de afirmações e negações, encantos e desencantos, tão real e comovente que nos remete a um paralelo reflexivo sobre a linha tênue que tangencia o amor e a loucura. Delgadina, nome fictício criado pelo ancião que, por medo de envolver-se emocionalmente, jamais quisera saber o verdadeiro nome da sua pretendida, é uma figura sem rosto e sem palavras, tão misteriosamente muda quanto desconhecida, a não ser pelas poucas descrições reveladas em pequenos trechos. De qualquer maneira, o amor que ela desperta no ancião durante os poucos momentos em que ficam juntos, onde ela aparece sempre dormindo na cama ao seu lado, demonstra de forma extremamente contundente e real as mudanças de comportamento que esse sentimento transformador provoca nas pessoas, tanto na forma mais pueril e singela quanto nas variações de humor e atitudes, até as mais patéticas situações de destempero e perda da lucidez - não tanto pela idade do ancião, mas, tão somente pelo que representa a força desse sentimento nas pessoas. Decerto, de alguma forma, o livro deixa claro que, apesar da diferença de idade, ela tinha 15 anos, havia uma reciprocidade de sentimentos, porém diferentemente do modelo demonstrado pelo ancião, a menina tinha uma outra maneira de sentir, talvez pela idade e pelo desconhecimento do sentimento na sua essência mais profunda, o que demonstra que o amor não é uma receita pronta igual para todas as pessoas e ocasiões, Vale muito a pena ler esse livro.

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