Wittgenstein - O dever do gênio
(Ray Monk)
A biografia de Ludwig Wittgenstein que foi escrita por Ray Monk é um dos melhores trabalhos que se fez em torno do filósofo.Monk não poupou fôlego na pesquisa, financidado por David Godwin (Heinemann), com apoio, também, do editor americano Erwin Glikes.O trabalho se estende por mais de 500 páginas e trata da vida e da obra de um dos maiores filósofos do século XX, cujo pensamento tem sido estudado ao longo desse meio século após sua morte.Observa que em torno de Wittgenstein existe uma "indústria de comentários" que dissocia aspectos pessoais da atividade filosófica, tornando parcial qualquer abordagem isolada desse pensador, dado que a sua originalidade só poderá ser bem apreciada quando se reúne vida e obra.Na impossibilidade de retratar com detalhes o extenso trabalho, remeto o leitor ao livro de Ray Monk (Wittgenstein - O dever do gênio. SP:Companhia das Letras. tradução de Carlos Afonso Malferrari. 1995). Tentarei muito brevemente traçar linhas gerais do trabalho de Monk.Ludwig Josef Johann Wittgenstein nasceu na Áustria, em 26/04/1889, filho de uma família abastada, e o caçula de 8 irmãos. Cresceu em um ambiente altamente cultivado do ponto de vista cultural. A musicalidade caracterizava todos os membros da família. A música foi para Wittgenstein o fio condutor de sua vida.Estudou Engenharia, em Linz e depois em Manchester, no intuito de seguir o rumo traçado pelo pai, e atender a sua expectativa de ver os filhos continuando os negócios da família.Não foi pela Engenharia, entretanto, que tornou-se um dos maiores pensadores do século passado. Por força de seu encontro com Bertrand Russell e seus estudos no Trinity College, na Inglarerra, a filosofia analítica passou a ser o centro de seus interesses.De 1913 até sua morte em 1951, seu pensamento filosófico passaria por transformações tais que os seus comentadores entendem dividi-la em dois momentos: o primeiro Wittgenstein, com sua principal obra, o Tractatus logico-philosophicus; e o segundo, cuja obra madura mais conhecida é Investigações Filosóficas.Contudo, não podemos ter uma idéia muito precisa acerca de seu pensamento se tomarmos essa separação como uma mudança radical.Na verdade, o Tractatus, sua primeira obra publicada - e uma das duas únicas que foram publicadas ainda em vida - continuou a ser trabalhado por Wittgenstein durante muitos anos, básicamente com seu tradutor inglês, Frank Ramsey, a quem devemos a melhor crítica e entendimento de um dos livros mais difíceis de serem entendidos. O Tractatus é uma obra sobre ética, nas palavras do próprio Wittgenstein. Mas trata, ainda, de lógica, de psicologia (que foi um de seus interesses mais tardios), e de religião.Eis assim alguns fios condutores de seu pensamento que não se alteraram até o fim de sua vida. O que podemos compreender, com mais confiabilidade, é que o pensamento wittgensteiniano passou, ainda, por uma fase de transição, em que as idéias iniciais contidas no Tractatus foram sendo aprofundadas e ampliadas, oferecendo outras percepções que tornaram a linguagem o centro de seu trabalho.De todo modo, Wittgenstein se coloca dentro da esfera da Filosofia Analítica, e Investigações filosóficas é seu trabalho da maturidade (do segundo Wittgenstein). É correr sério risco tentar localizar Wittgenstein em uma linha de pensamento tradicional. Este filósofo, mais do que seguir uma linha de pensamento, criou uma nova concepção de ética.Além do Tractatus logico-philosoficus, ele nos deixou alguns outras obras, sempre muito bem cuidadas, em um estilo próprio de Wittgenstein, como os livros que chamamos " O Livro Azul" e o "Livro Marron" (por que não deu títulos a eles, são conhecidos pela cor de suas capas), que tratam de reflexões que foram ditadas a seus alunos em Cambridge. Observações Filosóficas, Sobre a Certeza, Cultura e Valor, Observações sobre as Cores, entre outras produções menores, são outros legados.Sua vida foi pautada na ética, mas não em uma ética ditada externamente. Wittgenstein foi um exemplo de vida dedicada e disciplinada, voltada para seu trabalho.Teve inúmeros amigos, com quem mantinha, regularmente, uma correspondência. Verdadeiramente interessado por suas vidas, foi pessoalmente responsável pela carreira de alguns de seus discipulos.Wittgenstein faleceu em 29 de abril de 1951, na casa de seu médico, Edward Bevan, na Inglaterra, de câncer.Aos que se interessam por seu principal conceito: jogos de linguaguem, sugiro a leitura de Investigações filosóficas.
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