Psicanálise e Psicopatologia
(Maria Truccolo)
Relações da psicanálise com a psicopatologia
Uma médica psiquiatra e psicanalista que atua em clínica particular e atende pacientes de um plano de saúde, na capital paulista, afirma que a psiquiatria, hoje, é fortemente influenciada pela indústria farmacêutica. A medicação deveria ser apenas suportiva, com indicação do paciente para a psicoterapia analítica, pois que psiquiatria e psicanálise "não brigam", ao contrário, se complementam.
Citando o terapêuta carioca Jurandir Freire Costa, ela justifica o grande apelo às terapias químicas, hoje, porque se vive a "era do espetáculo, do narcisimo". "O mundo está muito maníaco, acelerado, perfeito, vazio, narcisista", diz.
Ou seja, não há mais espaço para se ter dor, ficar triste, elaborar perdas. Isso, embora o ser humano tenha de dar sentido a sua vida, subjetividade para a qual os medicamentos não dão conta. Para isso, é preciso o conhecimento da condição humana, que pode se dar por meio da Filosofia, da Religião, da Psicanálise, frisa a especialista.
"Tem de tomar Prozac. Não é normal ficar velho, ter barriga, celulite. Se você tem 60 anos, tem de namorar um rapaz de 20 anos, como acontece nas novelas", critica a médica. Em linha com esse tipo de condicionamento contemporâneo, as relações conjugais não duram mais do que dez anos e os empregos idem, em uma roda-viva que reproduz o consumo das coisas.
Diante desse cenário de imediatismo para a superação dos problemas, em que a terapia química oferece soluções imediatas, mas também causa dependência, a psicanálise encontra dificuldades como opção de tratamento coadjuvante da psiquiatria. Isso, porque a psicoterapia analítica é considerada (erroneamente) longa e dispendiosa para os problemas atuais. "É difícil as pessoas entenderem esse processo", considera a especialista.
Ela cita o líder espiritual budista, Dalai Lama, lembrando que ninguém muda sem muito esforço. "As mudanças são difíceis, e a psicanálise vai na contra-mão da cultura do imediatismo", assinala.
Ela mesma prefere não receitar medicamentos contra males como a angústia, por exemplo, por entender que os pacientes que pedem drogas para reduzir a angústia não querem entrar em contato com a questão que leva a esse tipo de mal-estar. "Porém, às vezes, a angústia se faz necessária até para dar sentido à vida, à busca do saber. E, ao mesmo tempo, para que o sujeito entenda que há falhas e buracos que nunca serão preenchidos", explica.
Porém, se o paciente insiste na solicitação de medicamento, nesses casos, ela receita. Se não o fizer, seu cliente buscará indicação medicamentosa em outros consultórios psiquiátricos.
Ela aposta na psicanálise como forma de o paciente reviver emoções e sensações que também têm o poder de provocar reações químicas no cérebro, ativando áreas importantes para a melhoria do bem-estar. Porém, a viabilização do tratamento tem de ser aceita pelo paciente, pela sua disposição de conhecer-se.
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