O DESAFIO DE AVALIAR BEM NO ENSINO SUPERIOR - PARTE II
(HERBERT GONÇALVES ESPUNY)
2. A BUSCA DE UMA FORMA JUSTA DE AVALIAR
Abreu e Masetto(1) observam que “Avaliar, para muitos de nós, professores do ensino superior, é uma das atividades pedagógicas mais difíceis de realizar...”. A preocupação é justificada, pois o educador precisa estabelecer uma medida que defina a promoção ou não de determinado estudante. Para suprir esta medida, Abreu e Masetto apontam uma série de técnicas que podem ser utilizadas pelo professor. Estas técnicas são divididas em grupos e são agrupadas de acordo com o que se pretenda avaliar: conhecimentos, habilidades ou atitudes. São abrangentes – também – quando afirmam que o ensino, como um todo, deve ser avaliado não só na vertente aluno, mas também nas vertentes plano de ensino e professor. Concluem que, apesar da dificuldade da tarefa de avaliar, tanto alunos como professores precisam empregar criatividade e visão crítica para alcançarem tal tarefa. Mas, um ponto de reflexão importante para estes autores é aquele no qual a aprendizagem, como um todo, é vista como um processo. Ou seja, cada parte da dinâmica da aprendizagem é importante em si mesmo. E – complementando – a avaliação faz parte deste processo, tornando aluno e professor artífices desta realidade.
Hoffman (2) traça um panorama de avaliação classificatória e, após várias reflexões, conclui que o aproveitamento máximo do aluno se dará pelas oportunidades que o mesmo obtiver no meio no qual está inserido; já em relação a uma avaliação que considere os processos, Hoffman pondera que “qualidade, numa perspectiva mediadora de avaliação, significa desenvolvimento máximo possível, um permanente ‘vir a ser’, sem limites pré-estabelecidos...”. Em outras palavras, o primeiro modo submete o estudante a um parâmetro de avaliação fixo, enquanto o segundo procura acompanhar o aluno em todos os instantes, gerando uma certa interação, que prestigia todo o contexto do aprendizado.
Já Sordi (3) observa que a avaliação moderna deve estar a serviço da aprendizagem como um todo, servindo a mesma como experiência da própria aprendizagem. Recomenda estratégias novas no campo da avaliação, apesar de reconhecer esta área como bastante conservadora. Contudo, especifica uma série de atividades que podem auxiliar na avaliação formativa, tais como criar “situações-problema”, “conceber tarefas, tanto de ensino como de avaliação” , “realização de gráficos evolutivos dos alunos”, etc. e conclui que a lista pode ser interminável, pois só pode ser limitada pela própria imaginação humana.
Romanowski e Wachowicz (4) discorrem sobre a avaliação formativa no ensino superior e diagnostica a imensa vantagem deste tipo de avaliação, principalmente no que se refere a interação aluno-professor. O aluno – compreendendo a dinâmica da avaliação formativa – pode estabelecer novos parâmetros da própria aprendizagem, numa evidente – também - valorização dos processos. “Alunos e professores podem verificar a precisão dos conceitos elaborados e a validade das análises realizadas(...) o que se espera é que aluno e professor possam interagir para conquistar o conhecimento...”. Os autores lembram, também, da dificuldade de se praticar um registro das atividades que colaborem com a avaliação formativa, já que – ao contrário – na avaliação classificatória estes registros são facilitados pela atribuição de uma ou mais notas de forma objetiva.
Anastasiou e Alves (5) expõem as várias estratégias com as quais o professor pode levar o ensino, inclusive, a forma de avaliar o aluno em cada uma delas, desde as mais comuns, como a aula expositiva dialogada, como as mais instigantes , como o Júri Simulado, em que a aula se torna um tribunal simulado, com “acusador”, “defensor” e “júri”.
Haas (6) apresenta uma série de reflexões, tais como “será que nossas avaliações são colocadas no tempo e espaço corretos?”, em que se questiona se os professores realmente estão empenhados na descoberta de novas formas de avaliação, ou ainda, se a avaliação ao invés de representar oestágio de desenvolvimento do aluno, não poderia tornar-se – se realizada de forma inábil – uma punição ao estudante. A autora conclui que a busca da avaliação formativa deve ser um compromisso com o próprio processo de ensinar.
O que chama a atenção em todos os autores é a ênfase no processo. A avaliação já não é tão somente aquele instrumento frio, criado apenas para atribuir nota a um estudante representado no diário de classe com um simples número. A avaliação deve preocupar-se com um aluno que possui nome, características próprias (inclusive de velocidade de aprendizado), habilidades e competências únicas... e, tudo isto, interagindo com um professor motivado a observar as etapas desta dinâmica...e, mais ainda, um professor que faz parte do próprio processo – sendo ele próprio avaliado...e, ainda mais, a avaliação se estendendo aos planos de ensino... Tudo integrado num universo em que todas as partes devem agir com responsabilidade e comprometimento.
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