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BOTO
(Walfrido Requeijão)

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BOTORequeijão, Walfrido - Livro: Aaaaaah! - Zê Editora - São Paulo - SP - 2007 - www.zeditora.comBoto existem de verdade. São golfinhos que se adaptaram à vida nas águas doces dos rios amazônicos. Eles são mamíferos muito curiosos e inteligentes que apesar de apreciarem a vida solitária, demonstram atitudes amistosas em relação ao homem. Aliás, dizem que muitos homens devem suas vidas a eles, pois já foram vistos salvando náufragos, empurrando-os até a praia e que o mesmo não ocorre com as mulheres quando estão menstruadas viajando de barco pelos rios, pois os botos sentem o odor característico e, então, as perseguem, procurando uma chance de virar a embarcação para carrega-las consigo. Os botos não resistem às mulheres. Dizem que em noites de lua cheia, os botos transformam-se em jovens muito bonitos e fortes, bons dançarinos e namoradores. Nessas noites, eles procuram os bailes para beberem e dançarem. E dançam com muita elegância, atraindo a atenção das mulheres e a inveja dos homens. Com graça, seduzem as mocinhas namoradeiras e fazem filhos com elas. Quando chega o amanhecer, voltam para o rio de onde vieram, onde recuperam a forma animal e felizes, saltam e saltam, seguindo no sem fim das águas doces, na calma dos rios, deixando as mães solteiras e tristes.
Quando eu era menino, Dona Florzinha, cozinheira da fazenda onde eu trabalhava, que nasceu e viveu por muito tempo na região amazônica, contou-me que certa vez, um marido desconfiou do comportamento de sua esposa, deduzindo que alguém a cortejava. Desde então, passou a segui-la sem que ela suspeitasse. Não demorou para surpreende-la sentada numa ribeira, de mãos dadas com um homem. Encolerizado, seu marido lançou-se contra o rival e golpeou-lhe gravemente com um punhal. O rival, para salvar-se, atirou-se nas águas do rio, assim, o marido e sua esposa voltaram para casa, calados e tristes. Na manhã serena e bonita do dia seguinte, as mulheres puseram-se a cuidar de suas tarefas, abrindo janelas, varrendo casas, ocupando quintais. Outras seguiram com seus maridos pescadores em direção ao rio, mas ao chegarem na ribeira onde houvera a luta, todos ficaram surpresos: boiando na margem havia um corpo esfaqueado. O corpo de um boto. Mal poderia imaginar que poucos anos depois da narrativa de Dona Florzinha eu teria meu encontro com um boto...
(1) o texto que você vai ler a seguir é uma adaptação adaptação livre de uma história em quadrinho, “O Boto”, de Maurício de Souza, publicado num Almanaque Chico Bento. “Era dia de quermesse na vila. Eu penteei meu cabelo, vesti minha botina nova e fui animado pra festa. Queria impressionar a Rosinha-do-meu-coração, mas quando lá cheguei, ele partiu-se em mil pedacinhos. A Rosinha estava com outro menino! Fiquei olhando de longe e vi quando eles foram até a barraca de doces. O menino ofereceu uma cocada pra ela, que entre mil sorrisinhos... aceitou! Ela parecia estar derretida por aquele cara de pamonha! Quem era, afinal, aquele menino que eu nunca tinha visto antes e que roubara os meus sonhos? Perguntei pra um, pra outro, mas ninguém sabia dizer.
Na manhã seguinte acordei chateado e pra não pensar no que ocorrera, resolvi pescar. Acomodei-me na beira do rio e distraído, demorei para notar um menino, sentado logo ali, numa pedra, pensativo. Por um momento tentei ver se o reconhecia, mas o chapéu de abas largas que ele usava impedia-me, além do mais, eu estava tão triste que mal me interessei em saber quem era. Pouco tempo depois d’eu pensar muito em Rosinha, o garoto pediu licença, sentou-se ao meu lado e começamos a conversar. Contei as minhas mágoas pra ele e senti que ele me ouvia com compreensão, adivinhando a minha tristeza e, então, terminei falando assim: -Eu só queria saber quem é esse lambisgóia! -Talvez seja o boto. - disse o menino. -Que boto, que nada! Eu vi perfeitamente: o rapaz era de carne e osso feito gente!-Digo isto porque os botos se transformam em humanos nalgumas noites de lua cheia atrás de de festas e de moças namoradeiras... -Seria bom se fosse um boto. Eu iria pesca-lo e fazer uns bons filés desse espertinho... Foi disser isso para o menino, para ver o menino mergulhar no rio, com roupa e tudo e não vir mais à tona. Fiquei desesperado: será que ele havia se afogado? Comecei a gritar por socorro numa aflição danada até que vi mais adiante, na curva do rio, um boto dar um salto no ar e sumir na correnteza. Nunca mais, eu e a Rosinha, tivemos notícias daquele menino. Hoje eu sei que aquele menino era um boto. Só podia ser... acredite, se quiser!



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