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As Crónicas da Margarida
(Margarida Rebelo Pinto)

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"O tempo está para o amor como o vento para os incêndios; apaga osfracos e ateia os mais fortes. É uma espécie de teste, uma prova cega,uma forma inequívoca de clarificar a essência daquilo a que tantasvezes queremos chamar amor e que ainda não é mais do que o minúsculoembrião de futuro incerto e tantas vezes improvável.O tempo está para o amor como o vento para os incêndios. Alastrarepentinamente, traiçoeiro e sem aviso, vai para lugares onde nuncapensamos que pudesse sequer chegar, faz-nos tremer, sofrer, rezar,dá-nos vontade de lutar para o combater, porque não sabemos para ondevamos, o que queremos nem se seremos os mesmo depois do fim... e porisso receamos o fim antes mesmo do princípio, imaginamos cenáriosapocalípticos para proteger o coração cansado e errante que não querainda, apesar de tudo, parar para pensar ou escolher um lugar.O tempo está para o amor como está para tudo o resto na vida. É otempo que nos dá maturidade, que nos ensina a distinguir o que éurgente daquilo que é mesmo importante, que nos mostra onde estão osverdadeiros amigos, que nos dita quais os princípios pelos quais nosregemos e como deveremos lidar com as nossas fraquezas. O tempoensina-nos a viver com os nossos defeitos e a respeitar as diferençasdos outros. Dá-nos sabedoria, tolerância, paciência, distância,objectividade, clareza mental. Afasta as dúvidas e as hesitações.Poupa-nos de decepções e enganos. Abre-nos os olhos quando somos osúnicos a não ver. E dá-nos força para continuar, mesmo que o amor sejauma ausência, uma perda, uma falta, uma desilusão.Mas o amor está para o tempo como uma vela acesa numa noite de luar. Oamor é trémulo, impaciente, frágil, volúvel, fraco, fácil de acender.Tantas vezes se consome a si próprio, tantas vezes é tão fácil deapagar, para depois se reacender, voltar a vacilar, incerto einseguro, quente mas efémero, forte mas falível, romântico mas tantasvezes superficial...O amor abre o coração, desprotege o espírito, acorda o corpo e aquecea alma. Pode nascer de um olhar mais longo, de uma conversa à mesa, deum passeio à beira-mar, da simples passagem da palma de uma mão poruma cintura desprevenida. Não tem regras, nem tempo, nem cores, porque não tem limites, nem compassos nem contornos. Por isso é que quandonos apaixonamos enchemos páginas inúteis com os defeitos e qualidadesdo nosso amado sem chegarmos a nenhuma conclusão. E ao vermos nelealguns defeitos que tanto abominamos, condescendemos, abreviamos,contemporizamos e deixamos passar. Porque o verdadeiro amor é aqueleque resiste ao tempo, sobrevive às dúvidas, emerge do medo e aprende adominá-lo.Amar é outra coisa. É dar sem pensar, é sonhar o dia todo acordado edormir sem nunca adormecer, é galgar distâncias com agilidade edestreza, é viajar sem sair de casa, escolher livros e programarsurpresas, namorar o telefone à espera que ele toque, acordar depoisde duas horas de sono com cara de bebé, sentir que somos invencíveis eque a perfeição está tão perto e é tão fácil, que a morte já podiachegar, sem termos medo de perder a vida.O verdadeiro amor é absoluto, indestrutível, estóico, inflexível nasua essência e tolerante na sua vivência, discreto, sóbrio, contido,reservado, escondido, recatado, amadurecido, desejado, incondicional,amargurado, sagrado, sobressaltado. O verdadeiro amor é delicado, bomouvinte, cúmplice, fiel sem ser servil, atento sem se impor, carinhososem cobrar, atencioso sem sufocar e muito, muito cuidadoso para nuncase perder, se estragar, se esquecer ou desvirtuar. O segredo está notempero, na moderação, nas palavras que nunca se chegam adizer, nasconversas perdidas à beira do rio, no olhar que fica no ar, no tempoque é preciso dar para que cresça, amadureça e deixe de meter medo. Épreciso dar tempo ao amor, um tempo sem tempo, sem datas nem prazos,sem exigências nem queixas, porque o amor leva o tempo que forpreciso."



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