A Moreninha
(Joaquim Manuel de Macedo)
A Moreninha é um romance urbano de 1844, escrito por Joaquim Manuel de Macedo, intelectual de Niterói/RJ (1820). Cursou Medicina pela Faculdade do Rio de Janeiro, mas abandonou a profissão para ser professor de Literatura. A Moreninha é seu primeiro romance e a obra que dá início ao Romantismo Prosa no Brasil. Na verdade a primeira obra URBANA foi O Filho do Pescador – 1843, mas por ter enredo fraco e não atender as necessidades da Prosa Romântica perdeu espaço para A Moreninha. Devido a essa escolha os amigos em zombaria chamavam-no de Dr. Macedinho. Sua nova opção profissional o levou ao mundo dos escritores, embrenhou-se na política, participou da fundação da Revista Guanabara e em Paris da Revista Niterói – uma revista de brasileiros para brasileiros. Foi membro do Instituto Histórico e ganhou notoriedade ao ser convidado para ser preceptor dos netos de D. Pedro II. Morreu reconhecido como escritor em sua terra natal (RJ-1882).
A obra começa pelo meio, é um romance não linear, com flash back narrativo, rico em metalinguagem, 3ª pessoa, narrador onisciente, começa na corte, com quatro jovens acadêmicos de medicina. São eles: Filipe, Leopoldo, Augusto e Fabrício que ao fazerem uma aposta começam o enredo da obra. Como vemos no trecho abaixo que inicia a obra:
“Bravo! exclamou Filipe, entrando e despindo a casaca, que pendurou em um cabide velho. Bravo!...interessante cena! mas certo que desonrosa fora para casa de um estudante de Medicina e já no sexto ano, a não valer-lhe o adágio antigo: - o hábito não faz o monge.
- Temos discurso!... atenção!... ordem!... gritaram a um tempo três vozes.
- Coisa célebre! acrescentou Leopoldo. Filipe sempre se torna orador depois do jantar...”.
O motivo da aposta é que Augusto, no fim do curso de Medicina, não consegue permanecer com nenhuma mulher por muito tempo, é instável no amor, um rapaz volúvel que faz a seguinte aposta com Filipe: aquele que não conseguir namorar por mais de 15 dias uma mulher terá que escrever um romance contando a história dessa desventura. Filipe convida a todos para participarem da Festa de Sant’Ana em uma tal Ilha... que nunca é nomeada pelo autor. Filipe fala que lá no Casarão de sua Avó D. Ana, conhecida carinhosamente por Donana, coabitam com ela duas primas: D. Joaninha, D. Joaquina e sua irmã Carolina, conhecida como A Moreninha. Conforme trecho abaixo:
“- Então tuas primas são gentis?... perguntou Leopoldo a Filipe.
- A mais velha, respondeu este, tem dezessete anos, chama-se Joana, tem cabelos negros, belos olhos da mesma cor, e é pálida.
- Hein?... exclamou Augusto, pondo-se de um pulo duas braças longe do canapé onde estava deitado, então ela é pálida?...
- A mais moça tem um ano de menos: loura, de olhos azuis, faces cor-de-rosa... seio de alabastro... dentes...
- Como se chama?
- Joaquina. - Ai, meus pecados!... disse Augusto. - Vejam como Augusto já está enternecido...
- Mas, Filipe, tu já me disseste que tinhas uma irmã. - Sim, é uma moreninha de quatorze anos.
- Moreninha? diabo!... exclamou outra vez Augusto, dando novo pulo.”.
Vão a Ilha... lá conhecem as moças, começam as paqueras e o início das paixões, entre essas paixões a de Augusto, que sem perceber vai perdendo a sua inconstância e insistindo no amor de Carolina, que o maltrata veemente. Com a intervenção da mucama de Carolina e do escravo acompanhante de Augusto Tobias, que estão apaixonados, Carolina descobre uma promessa de amor feita por Augusto em sua infância. Tudo porque resolveu revelar essa paixão numa conversa com Donana, como as paredes tem ouvidos. Carolina fica sabendo desse amor de infância. Ela se revolta, pois uma promessa não pode quebrada, principalmente de amor. Ela associa a sua história que Augusto não conhecia e descobre que a menina era ela. A Revolta, o sentimento de traição em seu coração é grande. Augusto resolve pedir para casar com ela, que o repudia terrivelmente pedi-o para procurar a menina de seu passado e casar-se com ela.
Augusto volta A Ilha... com seu pai para noivar definitivamente pois encontrou o seu verdadeiro amor. Os dois se encontram na gruta do amor, quando Carolina ao ver sua sinceridade, pega um pequeno breve de couro e mostra para ele revelando-se com a menina da praia.
“A menina, com efeito, entregou o breve ao estudante, que começou a descosê-lo precipitadamente. Aquela relíquia, que se dizia milagrosa, era sua última esperança; e, semelhante ao náufrago que no derradeiro extremo se agarra à mais leve tábua, ele se abraçava com ela. Só falta a derradeira capa do breve... ei-la que cede e se descose...salta uma pedra... e Augusto, entusiasmado e como delirante, cai aos pés de D. Carolina, exclamando:
- O meu camafeu!... o meu camafeu!...
[...]
- Achei minha mulher!... bradava Augusto; encontrei minha
mulher!”.
Ela era sua amada, ele pega seu breve a apresenta também para ela, dentro deles um Camafeu de Augusto e uma pedra preciosa de Carolina. Agora o amor pode ocorrer, o casamento pode ser marcado. No dia do Casamento, Filipe cobra aposta que fizeram no passado. Ele responde que o livro já está pronto e vai se chamar A Moreninha.
MINISTÉRIO DA CULTURA.Fundação Biblioteca Nacional.Departamento Nacional do Livro.
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