Em busca do tempo perdido 1 (no caminho de Swan)
(Marcel Proust)
Em Proust, os sentidos são pretexto para reviver o passado. O sentido de história de Proust é interior no sentido da subjectividade intrínseca do pensamento e da percepção particular do único e do irrepetível a partir de elementos aparentemente triviais: um aroma, uma matiz de luz e de cor, uma voz, um sonho, uma sombra que se demarca da luz a meio da noite no quarto de dormir. Mas se parece fortuito, tal só o é na aparência, dado que a realidade percebida através de sensações fugazes e instantes de pensamento, revelam-se como parte constitutiva de um todo em que o homem e o meio interagem mutuamente, integrando o universo proustiano e configurando-o em termos de convergências de fenómenos, à primeira vista prolixos e independentes entre si. Neste mundo, o elemento social está presente, e em concreto no primeiro volume do Em busca do tempo perdido, Proust dá-nos um retrato esclarecido, simultâneamente impressivo e crítico de uma média burguesia perfeitamente implementada num mundo feito a sua medida, numa França ainda com rigores de emanências senhoriais mas perfeitamente enquadráveis e pertinentes na sociedade oitocentista burguesa, industrial, comerciante e funcionária, potencialmente inovadora no aspecto económico mas acentuadamente conservadora no estatismo social, de que a burguesia é exemplo máximo, quer nas forças provenientes de baixo, quer nos estímulos de sinal contrário, com origem na nobreza francesa rural.Em Proust, o universo sensível conjuga-se admiravelmente com o sentido pragmático da consciência social e da crítica cognoscível dos sentimentos, quando estes assentam sem incertezas nos dados da memória.
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